Depois de pintarmos o mar dentro de nós, pintamo-lo no papel. Mergulhamos e ficamos impregnados dele!
Quem disse que não se pode trazer o mar para dentro da sala?!
Blogue de aragem e aroma a maresia...de manhã (entre) tecida pela névoa, de tarde plácida batida pelas ondas, de rugido nocturno do pensamento...
Depois de pintarmos o mar dentro de nós, pintamo-lo no papel. Mergulhamos e ficamos impregnados dele!
Quem disse que não se pode trazer o mar para dentro da sala?!
Acho que nunca contei aqui que na sala de aula para além dos meninos, de mim, da Joana e da Manuela, convivem connosco diariamente dois peixes, a Laranjinha e o Tangerina.
Já perceberam que se trata de um peixe e de uma peixa. O Rafael, que é o responsável pela vinda dos peixes para a sala, fez questão de deixar bem claro que eles eram namorados e que iam ter filhos.
Talvez na impossibilidade de descobrirem o sexo dos peixes, os meninos decidiram que o peixe maior seria o Tangerina e o mais pequeno a Laranjinha. Para esta decisão alegaram que os Pais são maiores que as Mães. A Raquel oportuna, impediu a minha intervenção quando disse, que a Mãe dela era” mais grande” que o Pai! Claro que os meninos se referiam à altura dos Pais e não a outro tipo de grandezas…
Voltando à história dos nossos peixes, posso dizer que moram numa bela casa. Quem olha de fora pode acha-la pequena, mas tem sofás de conchas e uma árvore para que sempre que lhes apeteça, o Tangerina e a Laranjinha possam subir e ver melhor o que fazem os meninos!
Os meninos acham que os seus peixes também gostam de subir às árvores!
Ora um destes dias, o Afonso olhava atentamente o aquário e disse:
-Os peixes estão a dar beijinhos!
Num ápice todos os olhos estavam postos nos peixes!
-Vocês fizeram barulho e eles não gostam. Continuou o Afonso.
- Eles não gostam que os vejam. Disse a Bruna. Namoram melhor sozinhos!
-Eles nem podem sair de casa para namorar. Agora era o Gonçalo que falava. Se fosse no mar namoravam mais contentes, podiam ir a mais sítios.
Fiquei a pensar que um dos meninos, já tinha descoberto que os aquários e os “peixanários” eram perfeitamente desnecessários!
Que apesar de gostarmos da companhia dos nossos peixinhos, ninguém é feliz numa fatia de água!
Num instantinho os meninos levantaram uma serie de questões que importava resolver:
-Os peixes namoram? Se sim, como?
- Será que são felizes dentro do aquário?
- Será que sabem que gostamos deles?
- O que farão todo o tempo dentro do aquário além de dar voltinhas?
-Serão felizes?
Lembrei-me que na biblioteca tínhamos um livro que ajudaria a encontrar respostas para todas as perguntas colocadas. A história que contava era até parecida com a dos nossos peixes.
Li a história do” Peixe Baltazar”.
O conto foi escrito por, Manuel J. Marmelo e Jorge Afonso Marmelo e quem fez os desenhos (como dizem os meninos), foi Joana Quental.
O livro é um livro cheio de horizontes, como deve ser um bom livro. Além de respostas para algumas das perguntas, faz-nos perguntar mais, pensar em coisas que nunca tínhamos pensado antes e já se sabe, quando começamos a brincar a pensar nunca mais terminamos, porque cada resposta que encontramos leva a outra e outra e mais outra pergunta e as nossas e as perguntas deste livro vão dar pano para mangas!
Porque aqui na sala quando gostamos muito de um livro, volta que volta, voltamos a ele!
E hoje, fizemos do mar a nossa casa, quer dizer, fizemos do mar a sala de aula!
Voltei à minha praia para rever velhos amigos e passar o dia embrulhada na maresia com os meninos.
Pedi às minhas amigas, Elsa e Marina, biólogas do Centro De Ciência Viva de Vila do Conde que me ajudassem a preparar uma actividade para os meninos e claro, sabendo elas do meu fascínio pelas poças de maré sugeriram que os meninos pudessem também experimentar igualmente do fascínio e descobertas que a actividade permite.
O dia esteve excepcional, a Primavera esteve também na praia e os meninos estavam tão felizes! Pareciam gaivotinhas a correr pela areia, pela areia e pela água, pois foi delicioso vê-los entrar na água chapinar e está-se mesmo a ver, alguns foram mesmo a banhos. Já sei o que estão a pensar, que Professora irresponsável, deixar os meninos molharem-se, coitadinhos vão ficar todos constipados! A verdade é que eu coloco-me sempre no lugar dos meninos. Eu se fosse menino, não saía da praia sem me molhar e quem sabe faria como o Dinis, que se sentou na areia, descalçou as galochas e quando todos pensavam que ia molhar os pés, o pequeno encheu as galochas de água e disse que ia levar um bocadinho de mar para a mãe!
Foi um dia de tantas descobertas e emoções. Acho que os meninos nunca vão esquecer este dia. O dia em que viram os jardins do mar, em que aprenderam, plantas e animais marinhos, o dia em que os seus olhos viram tanto mar que à força de ser tanto tiveram de entorná-lo para a alma!
Adoro quando chegamos ao final do dia felizes e cheiinhos de Mar!
Obrigada, Professora Umbelina e meninos do Jardim de Infância de Facho (Vila Chã), pelo dia maravilhoso e inesquecível!
Nunca me tinha ocorrido que as camélias eram apelidadas de, flores de Inverno. Bom, pelo menos o convite do Luís e da Graça, amigos do peito e das camélias, tão loucos por elas que percorrem o mundo a descobrir tudo o que lhes diga respeito, serviu para que sobre camélias aprendesse algumas coisas.
A exposição sobre camélias teve lugar na galeria de exposições da Biblioteca Almeida Garrett, sita nos jardins do Palácio de Cristal aqui no Porto este fim-de-semana.
Vários criadores de camélias de todo o mundo mostraram como conseguem cruzar espécies e criar flores que são verdadeiras obras de arte. Assim como de uma história se podem criar mil histórias, de uma flor podem nascer igualmente outras mil.
A ideia de misturar flores com livros agradou-me de sobremaneira.
Confesso que nunca tive grande jeito para jardinagem. Sei de pessoas em que as flores parecem nascer-lhes das mãos, como a minha Avó Emília. Nas mãos da Avó qualquer jardim se tornava numa verdadeira obra de arte. A Avó dizia que as flores gostam que falem com elas, mas será preciso saber a língua das flores, eu ainda não a aprendi. Quando falo com as flores cá de casa normalmente é para lhes pedir desculpa por me esquecer de as regar! Chego até a ficar com remorsos!
Mas sobre as camélias e todas as outras flores que invadem já a minha cidade num perfume morno de Primavera, digo que as prefiro nas árvores e nos jardins.
Tenho pra mim que a melhor maneira de oferecer flores a alguém ou a nós próprios é passeando a pé pela cidade, entrar nos seus jardins e desfrutar das cores e aromas que oferecem.