quarta-feira, 13 de agosto de 2014

DESENHOS


                ( Imagem retirada da web )



Desenho palavras para entreter a tarde…

Primeiro a palavra ÁRVORE

de seguida escrevo PÁSSARO

e FLOR …

Ah! Parece um desenho de menino!

Nos desenhos dos meninos

nunca faltam, árvores, pássaros, flores…

E todos, quase todos

são atravessados pela palavra SOL!

Um sol luminoso de olhar ternurento

e um sorriso bom!

Aliás, só os meninos

são capazes de captar a essência do sol!

Desenham-no

Como se escrevessem um poema.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

FLOR DA INFÂNCIA





No lençol o cheiro da infância e pedaços de histórias para adormecer…

Palavras luminosas que lhe trazem à memória a história do príncipe do rio. Um príncipe que habitava as profundezas escuras das águas, tudo por causa de uma princesa má e caprichosa.

Incrível como lhe parecia ouvir a voz da sua Ana!...

Era uma vez…

Um castelo pequenino à beirinha de rio, lá dentro morava um príncipe e uma princesa.

Viviam felizes! Ambos amavam as coisas simples, como o perfume das chuvas, o nevoeiro que esconde as paisagens, as árvores, as flores… A princesa gostava especialmente das flores que trepavam pela varanda do seu quarto, tinham um perfume suave e quando anoitecia pareciam guardar dentro o sol para iluminar a noite… 

O sol! Como gostava dele a princesa! Tanto, que às vezes o seu sorriso era parecido com ele!

O príncipe estava completamente rendido ao seu rasto luminoso e à sua cabeleira de cometa…

Ela gostava sobretudo desta parte da história, depois claro, vinha a parte triste…

O príncipe era raptado pela princesa das águas numa noite de lua cheia quando dava um passeio pelas margens. Esta era” má como as cobras” e estava apaixonada pelo príncipe.

Prendeu-o no fundo do rio até que a amasse, mas volvidos vários anos sem lograr os seus intentos, soltou o príncipe que depois de tanto tempo nas águas escuras do rio já não conseguia ver a luz do sol e a sua princesa. Esta, quando o príncipe desapareceu foi-se apagando até se transformar numa das flores da varanda, o único sol que o príncipe consegue ver quando sai do rio para passear em noites de luar…

Não sabia porque gostava tanto desta história!

Talvez, porque lá fora na varanda trepam as flores da infância…

Ou porque no travesseiro onde pousa a cabeça, há um mapa que a faz” voltar para trás pelo caminho dos sonhos…”

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

AZUL


     ( Imagem retirada da web )




Quem olhasse agora o céu, haveria de julgar que era o mar que via…

AZUL, escuro é certo, mas nada parecido com um manto de veludo.

Digamos, que o AZUL é sereno…

AZUL sereno, enrolado em pequenas nuvens que de tão esparsas lembram véus de espuma que tentam a todo o custo não desfazer-se na areia.

E não faltam os peixes no azul…

Os da constelação não se deixam hoje ver, mas podem ouvir-se os seus saltos a espreitar a lua.

Lua, que apagou as estrelas e se debruça agora sobre o AZUL sereno do mar…

É sempre assim, na hora em que o luar vai a banhos…

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

QUANDO O POEMA CASA COM CANÇÃO


    Imagem retirada da web




EL AMOR DUERME EN EL PECHO DEL POETA
(Sonetos del Amor Oscuro )

Tú nunca entenderás lo que te quiero
porque duermes en mí y estás dormido.
Yo te oculto llorando, perseguido
por una voz de penetrante acero.

Norma que agita igual carne y lucero
traspasa ya mi pecho dolorido
y las turbias palabras han mordido
las alas de tu espíritu severo.

Grupo de gente salta en los jardines
esperando tu cuerpo y mi agonía
en caballos de luz y verdes crines.

Pero sigue durmiendo, vida mía.
¡Oye mi sangre rota en los violines!
¡Mira que nos acechan todavía!

                                               Frederico García Lorca





Pequeño Vals Vienés


En Viena hay diez muchachas,
un hombro donde solloza la muerte
y un bosque de palomas disecadas.
Hay un fragmento de la mañana
en el museo de la escarcha.
Hay un salón con mil ventanas.


¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals con la boca cerrada.


Este vals, este vals, este vals, este vals,
de sí, de muerte y de coñac
que moja su cola en el mar.


Te quiero, te quiero, te quiero,
con la butaca y el libro muerto,
por el melancólico pasillo,
en el oscuro desván del lirio,
en nuestra cama de la luna
y en la danza que sueña la tortuga.


¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals de quebrada cintura.


En Viena hay cuatro espejos
donde juegan tu boca y los ecos.
Hay una muerte para piano
que pinta de azul a los muchachos.
Hay mendigos por los tejados,
hay frescas guirnaldas de llanto.


¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals que se muere en mis brazos.


Porque te quiero, te quiero, amor mío,
en el desván donde juegan los niños,
soñando viejas luces de Hungría
por los rumores de la tarde tibia,
viendo ovejas y lirios de nieve
por el silencio oscuro de tu frente.


¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals, este vals del "Te quiero siempre".


En Viena bailaré contigo
con un disfraz que tenga
cabeza de río.
¡Mira qué orillas tengo de jacintos!
Dejaré mi boca entre tus piernas,
mi alma en fotografías y azucenas,
y en las ondas oscuras de tu andar
quiero, amor mío, amor mío, dejar,
violín y sepulcro, las cintas del vals.

                                                               Federico García Lorca