domingo, 27 de junho de 2010

“O sítio certo para nunca ser ninguém”



Cansam-me as vidas” videirinhas “, de gente sem ambição, gente que não quer mais, não quer ser diferente. Gente, que não leva a ternura ao exagero, que não ama o longe e a miragem. Cansam-me as vidas emaranhadas, de gente que nunca sabe a sua razão de ser dia, gente formatada e conformada!

Ah! Se pudesse ensinar-lhes a música do mar que em mim navega! Se pudesse ao menos dizer-lhes, que todos os dias olho o céu com o mesmo fascínio e espanto, e o mar como um mistério!

Talvez se tornassem, mais solidários, inconformados, solitários …

Talvez se apercebessem que só temos os abraços que damos, que vale a pena dizer na cara o que não devemos e nem sequer é preciso frequentar os sítios recomendados, basta simplesmente que sejamos nós!




segunda-feira, 21 de junho de 2010

A menina que não queria ser princesa!





Conseguem imaginar um mundo sem histórias?

O que torna mágica a nossa existência, não será a nossa história? Única, irrepetível… Não será o nosso mundo feito de histórias deliciosas? A minha, a tua, as nossas, as vossas…

Histórias que se cruzam por vezes, vá-se lá saber porquê!

Histórias que melhoram a nossa história, que nos fazem sentir mais especiais, que nos abrem sorrisos rasgados, nos fazem esbanjar ternuras, nos mostram que a vida vale mais a pena. Histórias de sonhos, que quando se tornam reais, são ainda melhores do que sonhamos! Dos muitos pedacinhos de histórias que fazem a minha história, porque confesso, quando se trata de histórias, não sou nada esquisita!

Lembro com uma ternura enorme, uma história, contada pela minha avó Emília. Era a história de uma menina que se cansou de ser princesa!

A história começava com a menina princesa a chorar desalmadamente na torre do seu belo castelo. Então, aparecia um lindo pássaro azul, que vinha como que em socorro da bela princesa. Aliás, quando conseguiu enxugar as lágrimas e olhar o pássaro azul, a princesa jurou já tê-lo visto outras vezes, cantando no arbusto mais belo do Jardim!

- Talvez eu já tenha estado aqui outras vezes, cantando para ti. - disse o pássaro azul.

- Eu apareço sempre que alguém precisa de mim. Mas conta-me, o que tanto te aflige?! - A menina princesa, contou então ao lindo pássaro azul, porque estava tão triste… Era a princesa herdeira, todos esperavam que fosse bem comportada. Que sorrisse, mesmo que na sua alma morasse a mais profunda das tristezas! Que chorasse, se a situação assim o exigisse, mesmo que nada sentisse, o importante era que todos pensassem, que as lágrimas eram verdadeiras. Mas o pior, era ter de fazer tudo o que lhe mandassem!

Ela, que sempre fora mal mandada! Ela que segundo a Mãe, só gostava de fazer o que nenhuma princesa pode ou deve fazer. Coisas como, subir às árvores, andar descalça, falar com todas as pessoas, fazer o que o seu coração lhe mandasse, e não o protocolo, que para quem não sabe, é uma coisa que só serve para complicar e tirar o sabor á vida!

A culpa, disto tudo, era dos livros que o rei, seu pai, tinha permitido que lesse. Dizia, a rainha furiosa:

- Eu bem sugeri que a proibisse de entrar naquela maldita biblioteca! - Acrescentou!

-Disparates, minha querida, ler, vai fazê-la melhor princesa!

E como tinha razão o senhor seu pai.

Os livros, tinham-na feito, viajar, conhecer outros mundos, outras culturas, outros universos, tinham-na feito sonhar e inventar sonhos, e só quem inventa sonhos, consegue perceber melhor os sonhos de outros. Sim, porque os sonhos, aumentam a qualidade da alma, fazem transbordar o coração de bondade, e estes serão os requisitos para se ser uma verdadeira princesa.

Mas também as princesas têm direito a escolher o que fazer da sua vida. Para que a sua história, seja uma história feliz, pelo menos, enquanto assim quiserem!

Nunca soube se a princesa, chegou a reinar, mas sempre tive por ela grande admiração. Como admirava o seu reino interior! E não será esse o melhor reino das histórias?



Aquele que existe, dentro de cada um de nós?!

sábado, 19 de junho de 2010

A Casa



Abriu os olhos…Pela janela entravam tímidos, os primeiros raios de sol. Só então se deu conta que tinha adormecido mais uma vez na cadeira de baloiço da biblioteca. Olhou o relógio da secretária, eram seis da manhã!

Adorava acordar quando toda a casa ainda dormia. Como gostava daquelas primeiras horas de cada manhã. O silêncio da casa, o canto dos pássaros… Olhou o rio, o seu maravilhoso Douro. Também este parecia espreguiçar-se lentamente enquanto o sol começava a dourar as suas águas. Sol, que entrava agora mais forte pela janela enchendo de luz todas as coisas, como que afastando definitivamente a fria e escura noite!

Subiu até ao seu quarto. Da varanda veria o sol nascer. Sentiria o cheirinho a terra húmida, ouviria melhor os pássaros multicolores e sonharia ser um deles.

Como era lindo! …

Se o paraíso existe, ele era ali mesmo, na sua varanda, na casa dos Avós!

Que bom, voltar aos lugares e cheiros da infância!