sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Tempo

Kandinsky

O Tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mário Quintana

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DEZEMBRO NO MEU JARDIM...

As actividades de Dezembro no meu Jardim de Infância.


domingo, 26 de dezembro de 2010

As minhas caixas de música preferidas !




Cuando estoy triste ..lijo mi cajita de musica
no lo hago para nadie ..solo por que me gusta

hay quien escribe cartas
quien sale a ver la luna
para olvidar ..yo llijo mi cajita de musica.

Amarga es la madera de palo santo..
pero es como el amor ..que no muere y perfuma

Cuando estoy triste lijo mi cajita de musica
pero te vas y vuelves media acabarla nunca

Te espero ..mi tristeza huele a ti y.. es menuda
tengo las manos verdes esta noche de lluvia..

Cuando estoy triste lijo mi cajita de musica ..
no lo hago para nadie ..
solo por que me gusta.





Música del Japón. Avaramente
De la clepsidra se desprenden gotas
De lenta miel o de invisible oro
Que en el tiempo repiten una trama
Eterna y frágil, misteriosa y clara.
Temo que cada una sea la última.
Son un ayer que vuelve. ¿De qué templo,
De qué leve jardín en la montaña,
De qué vigilias ante un mar que ignoro,
De qué pudor de la melancolía,
De qué perdida y rescatada tarde,
Llegan a mí, su porvenir remoto?
No lo sabré. No importa. En esa música
Yo soy. Yo quiero ser. Yo me desangro.
- Jorge Luís Borges

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Finalmente Natal





Dezembro tinha chegado finalmente e em breve os cheirinhos e os sabores tão desejados do Natal.

O Natal da minha infância começava com quinze dias de antecedência. A casa enchia-se de cores, eram os arranjos sobre as mesas e os aparadores que as mãos da Avó esculpiam como verdadeiras obras de arte.

A árvore de ramos verdes e agulhados, que quase chegava ao tecto da sala e da qual pendiam bolas coloridas, pássaros dourados, bonecos de neve, palhacinhos, cornetas... E o presépio, preparar o presépio era o ritual que eu mais gostava. As crianças da casa iam com o Avô buscar o musgo ao jardim, este era colocado em cestinhos que cada qual levava para depois ser distribuído pelo chão da sala, onde juntos construiríamos a verdadeira história do Natal.


Lembro que no meu cesto vinha sempre pouco musgo, costumava perder-me com pedrinhas, flores raras e cogumelos. Aos cogumelos achava-os fascinantes, pareciam chapéus-de-sol ou de chuva, quem sabe protegiam seres mágicos… Houve até um ano em que um dos meus cogumelos ficou a proteger o Menino Jesus. O Avô achava piada às minhas invenções e eu penso que foi o presépio mais bonito que fizemos.

Mas o que eu gostava mesmo era de colocar a banda de música perto da cabana do menino. Parecia-me tão bonita a ideia de o nascimento de alguém ser festejado com música. A banda tinha um músico que tocava realejo a sério, era tão bonita aquela música…era como se traçasse um caminho para o sonho, a verdadeira essência da vida. Parece-me ainda ouvi-la, vem de um tempo longe, muito longe.

Como longe estão alguns dos que muito me amaram.


Todas as mãos que destinavam, cores, cheiros e sabores ao meu Natal, tinham desaparecido num tempo já passado. As da Avó e da Ana que tinha mãos de fada para a doçaria. Mãos que sabiam de bolos e doces cujos sabores estão já arrumados na memória. O bolo de figo, os formigos e o arroz doce os meus preferidos, ninguém sabia faze-los como Ana. Os doces iam sendo distribuídos pelos aparadores, intervalados com ramos de azevinho e pratinhos com gomos de tangerina dispostos em forma de meia-lua, estes seriam para acidular de vez em quando as doçuras.

Depois vinham os primos, os tios, os amigos, finalmente era Natal. Que saudades de tudo aquilo, das corridas pela casa, das brincadeiras, das canções tocadas pela Avó ao piano… Onde estava tudo aquilo?

Aquela felicidade da menina que fora…

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A Menina e o Pai Natal


A canção foi composta em 1960 por George Brassens mas eu prefiro-a na voz inconfundível de Barbara.

Um Natal doce e terno a todos os que por aqui passam.



domingo, 19 de dezembro de 2010

Rio cheio de Lua





Uma vez li qualquer coisa parecida com,” há lugares que são como os livros e canções”. Talvez seja por isso que estou
sempre a voltar ao rio. Tal como fiz ontem.

Queria estar longe deste Natal que nunca foi o meu, de toda esta gente que de loja em loja anda feliz comprando mais uma inutilidade. Às vezes acho que também me apetecia ser assim, andar pela rua feliz e contente fazer de conta que ninguém dorme na rua, que todos têm aquilo a que têm direito!


Mas que chatice ”tenho ouvidos e vejo” por isso sei que o natal está muito, muito longe daqui! E fico tão triste! Talvez
eu esteja só cansada, viver não é tarefa fácil e cansa... Por isso fugi para o rio em busca de alguma serenidade.


A tarde estava cheiinha de sol, não fosse o vento frio e ninguém
diria estarmos em Dezembro. Não estivesse já a noite a tomar a tarde e ter-me-ia metido num dos barcos, é tão bonita a cidade vista do rio.


Mas não, fiquei à margem...
Não sei quanto tempo ali fiquei porque de repente o rio encheu-se de lua.

Uma lua encantada e misteriosa...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

NATAL...antes do NATAL

Com toda a ternura do Natal que há-de Vir...



domingo, 12 de dezembro de 2010

Adorava Chapéus




Hoje quando colocava na cabeça uma boina para passear à beira mar, a Mãe comentava o facto de eu adorar chapéus e boinas desde sempre. Segundo ela, talvez das poucas coisas que tenha conseguido “vestir-me”, sem que eu refilasse e arrancasse!


Aproveitou então para contar que eu detestava vestidos, adereços no cabelo e sapatos! Que normalmente mudava de roupa umas três a quatro vezes por dia, pois nem quando ficava de castigo sem sair do quarto conseguia manter-me limpa e arranjada!

Sempre que ia brincar para o jardim regressava a casa parecendo que tinha sido atacada por uma matilha! Parece que gostava de subir às árvores, rebolar na relva, enfiar-me na lama do rio… tudo actividades nada próprias para uma menina, segundo a Mãe claro!

Na verdade eu não tinha nada contra a roupa que me vestiam só mesmo contra a falta de jeito que tê-la vestido dava para o que eu gostava de fazer! Mas aos chapéus adorava-os, lembro-me até de ter decidido que, quando fosse grande, havia de os usar com véuzinhos sobre os olhos, para lhes aumentar o mistério e o encanto.

Tolices. Quem poderia adivinhar que ao tornar-me grande os chapéus tinham caído em desuso.

domingo, 5 de dezembro de 2010

HISTÓRIA...mal contada




História Mal Contada

Já se sabe que quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto. E mal não haveria em acrescentar vários pontos se não fosse de rigor histórico que falo.

Sempre que se fazem visitas com as crianças nós professores, contamos com a ajuda do serviço educativo dos locais que vamos visitar, sejam museus, castelos, parques, reservas naturais… O processo é simples, marca-se a visita, refere-se o número de alunos e faixa etária e o que se pretende visitar.

Normalmente são facultados pelo correio, ultimamente também electrónico, vários prospectos com informações que pouco ou nada acrescentam ao que já sabemos. Chegados ao local, aparecem uns rapazinhos e rapariguinhas muito simpáticos, mas geralmente com pouca fluência vocabular e o mais grave, cheios de incongruências históricas.


Sim, eu sei, são normalmente alunos estagiários a quem se paga menos, mas convenhamos que ninguém devia ser pago para dizer disparates e induzir as crianças em erro! Foi precisamente o que aconteceu com uma turma do quarto ano de uma escola que conheço. As crianças deslocaram-se a Guimarães onde visitaram o Castelo e o Paço dos Duques.


A visita decorreu normalmente ao que me foi contado. Já na sala de aula as crianças terão feito o registo escrito da visita sobrando para trabalho de casa fazer um desenho sobre a mesma. Ora para meu espanto, uma das alunas desenhou o Rei D. Afonso Henriques combatendo com uma espingarda. Apesar de ter visto a estátua do Rei com uma enorme espada a menina explicou que no Paço dos Duques havia várias espingardas que o guia garantiu terem pertencido a D. Afonso Henriques.

Ora também a mim me parece lógico que se havia espingardas que matavam mais e mais depressa, o primeiro Rei de Portugal devia ser muito estúpido, pois insistia em usar a sua pesada espada!