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domingo, 4 de maio de 2014

AS MÃES CRESCEM COM OS ANOS





AS MÃES Crescem com os anos

As mães sobem uma escada até ao céu,
sobem e descem a escada longa dos filhos;
as mães olham para cima, firmam as mãos na escada
e pensam com os olhos. Ficam de pé ―morrem de pé
se for preciso― a pensar as estrelas. Cada uma delas
é um pulmão jovem, um alvéolo inviolável.
As mães crescem com os anos, tornam-se ramos
a baloiçar na escada: são perenes, persistentes
e mansas. As mães abrigam os pássaros no olhar,
tomam-nos nas mãos como oferta sagrada
e soltam-nos do alto da escada: voam, voam,
crescem contra as nuvens e são água, espuma,
exílio azul. Os filhos são os olhos das mães, aflitos
e saudáveis, à espera que floresça a flor fria
da amendoeira. Olhos que partem para regressar a si.


Nuno Higino
Mãe E leva os filhos nos olhos como se os levasse pela mão



terça-feira, 15 de outubro de 2013

POEMAS E POETAS QUE EU GOSTO





NA RUA MOLHADA

Na rua molhada,
No vão de uma escada,
Envolto na sombra
Silente da noite,
Um menino dorme
Deitado no azul
Da noite estrelada,
Um menino sonha
Com fadas e luas
E um sol pequenino
Brincando e brilhando
No céu do menino…

Ó águas das nuvens
Descei devagar…
Se o menino acorda
Tem medo da chuva
E fica a chorar…




PARÁBOLA

O peixe dourado
era lindo e livre
nas águas do lago.
Vivia feliz
nas águas do lago.

O peixe dourado
era lindo e livre
e foi cobiçado.
E logo levado
para longe, longe
das águas do lago.

Na hora mais bela
nas águas do lago
de luz enfeitado,
nasceu uma estrela
da forma singela
do peixe dourado!




ESTRELA OU NUVEM

Estrela ou nuvem,
Amor … Quisera
Fugir contigo
Para outra terra…
Desde menino
Que te procuro,
E te encontrando
Logo te perco,
E te perdendo
Vou, só, vivendo
Ora ganhando
Ora perdendo,
Nada pedindo
Nem possuindo.

- Que o meu desejo,
Estrela ou nuvem,
Amor… só era
Fugir contigo
Para outra terra.


                                              RAUL DE CARVALHO

quarta-feira, 3 de julho de 2013

" ENTRE A ROTINA E A MARAVILHA "


( Imagem retirada da web )


Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha .
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.

(...)
 

                                                                                        Manuel Alegre

domingo, 9 de junho de 2013

DESENHO PONTES


( Ponte sobre o Douro, Nadir Afonso )



Yo dibujo puentes para que me encuentres

Un puente de tela con mis acuarelas

Un puente colgante con tiza brillante

Puentes de madera con lapiz de cera

Puentes levadizos plateados, cobrizos..

Puentes irrompibles de piedra invisibles..

Y tu ¡Quien creyera! ¡No los ves siquiera!

Hago cien, diez, uno.. ¡No cruzas ninguno!

Mas como te quiero… dibujo y espero.

¡Bellos puentes para que me encuentres!

                                                                                                 Elsa Bornemann