sábado, 30 de outubro de 2010

A Tarde Diluía-se nas Águas

(mar de Vila-Chã, tarde de 28-10-2010)


Enrolava ondas a alegria
de uma doçura suave
que, muito devagar, anoitecia.

Nos molhes só estrondeava o rosa.
Ou súbita rosácea repetida
iluminava, momentânea, a sombra
que a tarde retinha ainda.

E as águas recolhiam vagarosas
a noite a iluminar-se na retina.

Fernando Echevarría

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

Raízes e Asas

Raízes e asas. Mas que as asas enraízem
e as raízes voem.


Juan Ramón Jimenez

fotografia por: Henrique Vieira

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Inventem o Outono



Certo dia de Outono, Dona Laura disse:

- Agora meus queridos, quero que inventem o Outono!

Dona Laura era um doce, mas tinha cá umas ideias! Pois se lá fora era Outono, como quereria ela que o inventássemos? Como se tivesse percebido as nossas dúvidas e espanto, Dona Laura, continuou:

-Não me digam do Outono aquilo que eu já sei, falem-me de um Outono desconhecido, do vosso!

Claro, parecia um exercício difícil, mas como já estávamos habituados aos pedidos diferentes de Dona Laura desde o primeiro ano, agora no quarto ano já ninguém estranhava… Sabíamos que bastava brincar a pensar, que é o mesmo que dizer, bastava pensar diferente!

Eis o que escrevi sobre o Outono, tinha então nove anos …

“O Outono é a única altura do ano em que podemos agarrar o sol. Porque como ele não está tão quente, gosta dos nossos abraços para se aquecer e nós ao abraçá-lo ficamos mais quentinhos também.

Aquece ainda as folhas das árvores, que de tanto calor ficam pintadas de cor de laranja e vermelho, e quando estas empurradas ou pelo vento ou pelos espirros das árvores caiem no chão, aquecem também a Terra.”

No canto direito da folha do meu Outono, Dona Laura escreveu com esferográfica verde: "Formidável".

domingo, 17 de outubro de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estados do tempo que ficam cá dentro


Hoje a escola estava embrulhada em fumos!
Mas não eram fumos de fogueiras!
Eram bocadinhos de nuvens que fugiram do céu e caíram mesmo em cima da escola. E ela ficou vestida com um vestido de nuvem!


(Registo de uma conversa dos meninos esta semana numa manhã de nevoeiro.)





quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Deixa-me seguir para o mar ...



Deixa-me seguir para o Mar
Tenta esquecer-me... Ser lembrado é como
evocar-se um fantasma... Deixa-me ser
o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo...


Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
me recamarei de estrelas como um manto real,
me bordarei de nuvens e de asas,
às vezes virão em mim as crianças banhar-se...


Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
as imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
toda a tristeza dos rios
é não poderem parar!

Mário Quintana

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vila Chã...Meus Olhos de Fim-de-Tarde

Estou aqui...mas os olhos de fim-de-tarde continuam naquela lindo mar de fim-de-tarde de Vila Chã, no amanhecer das gaivotas da lota de Vila Chã, nos olhos rasos marítimos mistérios dos meus meninos de Vila Chã.
Este trabalho tão lindo do meu metade-de cara-de vida, de sentidos. Ele sabe que, como lancha em mar alto, a minh'alma balouça naquela terra Para Sempre. Um dos melhores anos da minha vida pessoal e profissional.


domingo, 10 de outubro de 2010

Longe, Muito longe daqui

Procuro-te …
No vento que me afaga os cabelos
No sol que doura a minha pele
No sal do Mar
Na espuma das ondas que se espraiam mansamente na areia
Nas conchas que enfeitam a beirada
No cheiro a maresia.
Procurei-te por toda a parte
Talvez estejas longe, muito longe daqui…
Mas que importa a distância
Se hei-de sempre sonhar-te!