Certo dia de Outono, Dona Laura disse:
- Agora meus queridos, quero que inventem o Outono!
Dona Laura era um doce, mas tinha cá umas ideias! Pois se lá fora era Outono, como quereria ela que o inventássemos? Como se tivesse percebido as nossas dúvidas e espanto, Dona Laura, continuou:
-Não me digam do Outono aquilo que eu já sei, falem-me de um Outono desconhecido, do vosso!
Claro, parecia um exercício difícil, mas como já estávamos habituados aos pedidos diferentes de Dona Laura desde o primeiro ano, agora no quarto ano já ninguém estranhava… Sabíamos que bastava brincar a pensar, que é o mesmo que dizer, bastava pensar diferente!
Eis o que escrevi sobre o Outono, tinha então nove anos …
“O Outono é a única altura do ano em que podemos agarrar o sol. Porque como ele não está tão quente, gosta dos nossos abraços para se aquecer e nós ao abraçá-lo ficamos mais quentinhos também.
Aquece ainda as folhas das árvores, que de tanto calor ficam pintadas de cor de laranja e vermelho, e quando estas empurradas ou pelo vento ou pelos espirros das árvores caiem no chão, aquecem também a Terra.”
No canto direito da folha do meu Outono, Dona Laura escreveu com esferográfica verde: "Formidável".