domingo, 1 de julho de 2012

PRESA AO POEMA


(Céu com estrelas de acender - meninos da Escola Básica da Estação, Valongo)



No poema moram os saltos dos peixes

na hora em que o sol prateava as águas do rio

os passinhos das formigas

que tronco acima tronco abaixo arrancam sorrisos às árvores

o gosto dos morangos tocados de lagartas

o cheiro da erva , das pinhas, das flores da Avó e de outras silvestres

cujos olhos guardam memória

a brisa dos montes e vales que misturei nos cabelos

nuvens de céus diversos que percorrem o azul empurradas de vento

conchas com segredos de marés

sons de mar que ressoam e me perseguem até nos sonhos

sorrisos e correrias de meninos

que tornam raros os meus dias.

No poema moram as mãos

que acalmam as minhas tempestades

as noites em que a chuva apaga estrelas

as manhãs pintadas de rosa alperce

de pássaros e borboletas.

No poema, no meu, mora a vida

moras tu

moro eu!




 

5 comentários:

Rosa Maria disse...

Que lindo! E dizes tu que não é a tua praia! Depois de te lançares ao mar não vais parar de navegar.
Parabéns!

Teresa disse...

Rosinha,

Num poema a sério o verso livre não existe!E eu nunca me preocupo com a métrica,com o ritmo...
Eu não sei mesmo escrever poemas!
E não é falsa modéstia!Palavras de poesia não fazem por si só um poema!Como se diz na minha terra,para fazer um poema é preciso comer muita broa!
Isto é só um desabafo de alma!

Diana disse...

Adorei a ilustração, assim como tudo o uqe os meninos fazem, são todos muitissimo talentosos, beijinhos prof. Teresa

Júlia disse...

Amiga,

É verdade tenho andado caladinha, mas não longe daqui! Adorei o teu "desabafo d´alma".E não me parece que haja necessidade do poema ser sério para ser a sério! Isso é coisa para quem se ocupa em estragar o poema e a poesia!Não discuto que hajas regras no poema, não me parece é que a alma se preocupe com elas!
Vê lá se perdes os complexos e partilhas mais do muito que sei que escreves.E belo! Afinal os teus amigos sabem que és rapariga que nunca se preocupa com regras. Ou práticamente quase nunca! Beijinhos.

Anónimo disse...

Prosa ao Poema!Liberdsade livre da Palavra, essas formigas que encantavam esse humanista renascentista Leon Batista Alberti
Como Novalis "Quanto mais poético mais verdadeiro", ou como afirmo: quanto mais terno, mais livre.
Atribuo-lhe as duas.