sábado, 21 de julho de 2012

MAR EM AZUL SILÊNCIO


                ( Alex Alemany)



Para ouvir esta cor de mar, é preciso acordar antes do sol.

Quando o mar ainda dorme embrulhado numa colcha de estrelas e a lua espreita lá do alto como se fosse uma luz de presença em quarto de menino.

Só nesta altura se consegue ver o miolo do silêncio.

Estão já alguns barcos de regresso à praia e outros preparando-se para sair. Vistos de longe parecem pequenos pirilampos a descansar nas águas das fadigas da noite.

A neblina noturna vai-se abrindo aos poucos como cortina para deixar entrar o sol que de mansinho com as suas pantufas douradas chega pé ante pé à praia e daí vai sacudindo o mar com pancadinhas ternas aquecendo-lhe os lábios com os seus raios. O mar enche-se de preguiça para que o sol se demore por mais tempo nos seus ombros e nos seus lábios…

Nas areias vão-se espalhando estrelas nascidas dos fios de água e de algas e já bolem caranguejos mar acima mar abaixo.

Saídas das águas aparecem as gaivotas, que ora bailando nas ondas ora mergulhando nelas, são as únicas que se atrevem a gritar a beleza e os silêncios do azul.

Mais logo, virão meninos correr na beirada e chapinar no azul, gritando felizes, alterando as cores do silêncio e nem o sol, nem o mar, nem ninguém se importará.

2 comentários:

Rita Carrapato disse...

Pela mão da prosa fui aqui caminhando na poesia, numa qualquer madrugada junto ao mar, escutando-lhe a cor, aquela de que a Teresa fala. Apeteceu-me continuar junto ao mar. E não é que muitas outras cores tocaram os meus ouvidos?

Beijinho grande Teresa

Júlia disse...

Também a mim me apetece demorar no"azul silêncio" da tua aurora de mar!Imagina que chega aqui o cheiro a maresia, tão bem pintas as palavras.
Eu sei que não estás a atravessar um bom momento e admiro-te mais por isso!O que eu dava para escrever uma linha com tamanha beleza! Mas não é para todos!