( Alex Alemany)
Para ouvir esta cor de
mar, é preciso acordar antes do sol.
Quando o mar ainda
dorme embrulhado numa colcha de estrelas e a lua espreita lá do alto como se
fosse uma luz de presença em quarto de menino.
Só nesta altura se
consegue ver o miolo do silêncio.
Estão já alguns barcos
de regresso à praia e outros preparando-se para sair. Vistos de longe parecem
pequenos pirilampos a descansar nas águas das fadigas da noite.
A neblina noturna
vai-se abrindo aos poucos como cortina para deixar entrar o sol que de mansinho
com as suas pantufas douradas chega pé ante pé à praia e daí vai sacudindo o
mar com pancadinhas ternas aquecendo-lhe os lábios com os seus raios. O mar
enche-se de preguiça para que o sol se demore por mais tempo nos seus ombros e
nos seus lábios…
Nas areias vão-se
espalhando estrelas nascidas dos fios de água e de algas e já bolem caranguejos
mar acima mar abaixo.
Saídas das águas
aparecem as gaivotas, que ora bailando nas ondas ora mergulhando nelas, são as
únicas que se atrevem a gritar a beleza e os silêncios do azul.
Mais logo, virão
meninos correr na beirada e chapinar no azul, gritando felizes, alterando as
cores do silêncio e nem o sol, nem o mar, nem ninguém se importará.
2 comentários:
Pela mão da prosa fui aqui caminhando na poesia, numa qualquer madrugada junto ao mar, escutando-lhe a cor, aquela de que a Teresa fala. Apeteceu-me continuar junto ao mar. E não é que muitas outras cores tocaram os meus ouvidos?
Beijinho grande Teresa
Também a mim me apetece demorar no"azul silêncio" da tua aurora de mar!Imagina que chega aqui o cheiro a maresia, tão bem pintas as palavras.
Eu sei que não estás a atravessar um bom momento e admiro-te mais por isso!O que eu dava para escrever uma linha com tamanha beleza! Mas não é para todos!
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