A cozinha estava quieta, mas
conseguia sentir o cheirinho a café e torradas que inundavam a casa nos
domingos da sua meninice.
Gostava de levantar-se cedo para gozar o silêncio com
que a casa se vestia aquelas horas da manhã. Só mesmo Ana se levantava primeiro,
talvez adivinhando-lhe os pensamentos e impedindo-a de sair para a praia sem
pequeno almoço.
Era-lhe impossível arredar pé da
cozinha sem comer pelo menos uma torrada e beber uma enorme caneca de leite.
Engolia tudo com uma avidez
impressionante. Tal era a pressa que tinha de mar!
Como noutras manhãs de verão, a nortada
varria a praia e deixava- a só com o mar.
Navegava com os olhos o azul das águas misturando-se
com os carneirinhos que o vento fazia nascer por toda a parte voltando à
beirada onde novelinhos de espuma cresciam para que pudesse tricotar a mantinha
que lhe cobriria o corpo.
1 comentário:
Tão bom ler-te sem pressas!
Beijos.
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