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O mar sobe ao céu
nas claras manhãs de inverno
soprando um lençol diáfano
de espuma.
O sal vem até nós
com a suave violência
da brancura insuportável.
Hoje é o dia
o momento
a hora inadiável.
Cada dia
é o derradeiro sopro
da flauta da criação.
Vem
por isso
vem
peixe de prata.
Mar de prata.
Tudo é prata
no teu corpo escandaloso
recebendo o beijo lento
desta luz coada
pelos recortes de uma renda grossa
na janela.
José Fanha in Tempo Azul
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