segunda-feira, 11 de agosto de 2014

FLOR DA INFÂNCIA





No lençol o cheiro da infância e pedaços de histórias para adormecer…

Palavras luminosas que lhe trazem à memória a história do príncipe do rio. Um príncipe que habitava as profundezas escuras das águas, tudo por causa de uma princesa má e caprichosa.

Incrível como lhe parecia ouvir a voz da sua Ana!...

Era uma vez…

Um castelo pequenino à beirinha de rio, lá dentro morava um príncipe e uma princesa.

Viviam felizes! Ambos amavam as coisas simples, como o perfume das chuvas, o nevoeiro que esconde as paisagens, as árvores, as flores… A princesa gostava especialmente das flores que trepavam pela varanda do seu quarto, tinham um perfume suave e quando anoitecia pareciam guardar dentro o sol para iluminar a noite… 

O sol! Como gostava dele a princesa! Tanto, que às vezes o seu sorriso era parecido com ele!

O príncipe estava completamente rendido ao seu rasto luminoso e à sua cabeleira de cometa…

Ela gostava sobretudo desta parte da história, depois claro, vinha a parte triste…

O príncipe era raptado pela princesa das águas numa noite de lua cheia quando dava um passeio pelas margens. Esta era” má como as cobras” e estava apaixonada pelo príncipe.

Prendeu-o no fundo do rio até que a amasse, mas volvidos vários anos sem lograr os seus intentos, soltou o príncipe que depois de tanto tempo nas águas escuras do rio já não conseguia ver a luz do sol e a sua princesa. Esta, quando o príncipe desapareceu foi-se apagando até se transformar numa das flores da varanda, o único sol que o príncipe consegue ver quando sai do rio para passear em noites de luar…

Não sabia porque gostava tanto desta história!

Talvez, porque lá fora na varanda trepam as flores da infância…

Ou porque no travesseiro onde pousa a cabeça, há um mapa que a faz” voltar para trás pelo caminho dos sonhos…”

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