No lençol o cheiro da
infância e pedaços de histórias para adormecer…
Palavras luminosas que
lhe trazem à memória a história do príncipe do rio. Um príncipe que habitava as
profundezas escuras das águas, tudo por causa de uma princesa má e caprichosa.
Incrível como lhe
parecia ouvir a voz da sua Ana!...
Era uma vez…
Um castelo pequenino à
beirinha de rio, lá dentro morava um príncipe e uma princesa.
Viviam felizes! Ambos
amavam as coisas simples, como o perfume das chuvas, o nevoeiro que esconde as
paisagens, as árvores, as flores… A princesa gostava especialmente das flores
que trepavam pela varanda do seu quarto, tinham um perfume suave e quando
anoitecia pareciam guardar dentro o sol para iluminar a noite…
O sol! Como gostava
dele a princesa! Tanto, que às vezes o seu sorriso era parecido com ele!
O príncipe estava
completamente rendido ao seu rasto luminoso e à sua cabeleira de cometa…
Ela gostava sobretudo
desta parte da história, depois claro, vinha a parte triste…
O príncipe era raptado
pela princesa das águas numa noite de lua cheia quando dava um passeio pelas
margens. Esta era” má como as cobras” e estava apaixonada pelo príncipe.
Prendeu-o no fundo do
rio até que a amasse, mas volvidos vários anos sem lograr os seus intentos, soltou
o príncipe que depois de tanto tempo nas águas escuras do rio já não conseguia
ver a luz do sol e a sua princesa. Esta, quando o príncipe desapareceu foi-se
apagando até se transformar numa das flores da varanda, o único sol que o
príncipe consegue ver quando sai do rio para passear em noites de luar…
Não sabia porque gostava
tanto desta história!
Talvez, porque lá fora
na varanda trepam as flores da infância…
Ou porque no
travesseiro onde pousa a cabeça, há um mapa que a faz” voltar para trás pelo caminho
dos sonhos…”