quinta-feira, 9 de agosto de 2012

LER FORA DOS LIVROS



A ideia era sair para o jardim, procurar um pedaço de sombra e demorar a tarde num livro.


Mas ao passar pelo lago logo os meus olhos se detiveram numa pachorrenta rã que estendida numa folha de nenúfar apanhava sol.
 
O lago estava lindíssimo, cheio de flores “de água “, como costumava chamar na infância aos nenúfares e de pequenos juncos que ondulavam ao vento e onde duas libelinhas se penduravam num terno abraço.


 
O lago sempre exercera em mim enorme fascínio, sempre gostei de ler nele a calma das rãs esticadas ao sol, o suave bailado das folhas e flores aquáticas, os saltinhos dos peixinhos laranja que o povoam, o namoro das libelinhas e em tempos soube até ler os segredos que o vento escrevia na água…

Meus olhos procuravam a sombra, mas deparavam-se com as flores maravilhosas e de cheiros deliciosos. Dálias cheias de folhos e nervurinhas, brincos de princesa, mas meus olhos sempre acabavam por esbarrar na simplicidade infinita dos malmequeres meus preferidos.

 
E de livro atrás, ler no lago e nas flores do jardim revelou-se tão importante, que o livro ficou mesmo para trás.

2 comentários:

Ana Paula disse...

Os olhos dos poetas observam com a alma.

Os olhos dos poetas conseguem ler a natureza. Motivo pelo qual o livro ficou atrás.


Os seus olhos, Teresa, mostram-nos que o belo está tão próximo de nós. Não tem preço!

Só nos resta observar, com olhos de ver!

Beijinhos.

Júlia disse...

Está lindo o teu lago e o teu jardim!Só mesmo tu para descobrires namoros de libelinhas, rãs esticadas ao sol,folhos nas dálias e claro, renderes-te à simplicidade dos malmequeres!Eu sei, estou sempre a dizer a mesma coisa, mas não me ocorre mais nada; Que lindo, Amiga!E assim, que vontade de demorar a tarde!
Beijiiiiiiiinhos!E quando voltares à praia avisa, talvez te faça uma visita.