terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A PRINCESA ÁRVORE

James Browne


Ana soprava no ferro de engomar. Ensaiava a temperatura do ferro, aplicando-lhe um dedo de cuspo. E ela sentada na cadeira esperava o vestido cheio de folhinhos e rendas.

- Então menina, faça lá uma carinha mais alegre, vai ser a princesa mais bonita que alguém viu por estas bandas!

Princesa, ela não queria ser nenhuma princesa! Porquê que ninguém percebia isso?!

Porque nunca lhe permitiam fantasiar-se como queria? Uma vez sonhou ser pirata, mas logo a mãe argumentou que “as meninas não têm quereres”. Além de não se saberem de histórias de mulheres piratas, não estava na moda! A mãe e a moda ditavam que as meninas deviam fantasiar-se de, fadas, damas antigas, chinesas e princesas! Ah, e aquela fantasia horrorosa de pierrette que fora obrigada a vestir no Carnaval do ano passado!

Pensando bem sempre era melhor vestir-se de princesa…

Ela tinha pedido à mãe que a deixasse vestir de árvore, fez até o esboço da fantasia no seu caderninho. Uma árvore carregadinha de flores amarelas e pássaros!

Mas qual árvore qual quê, teria de vestir-se de princesa!

Estava tão triste que nem conseguia disfarçar as lágrimas enquanto a Maria Antónia, (a costureira que no virar de cada estação ficava lá por casa para criar o guarda roupa de toda a família) lhe provava o vestido.

-Custa-me vê-la assim triste menina. Está tão bonita!

- Acho que sei como acabar com essa cara triste! Talvez eu possa inventar-lhe uma fantasia de, Princesa Árvore! Faço-lhe a árvore que quer na saia do vestido e a coroa é também feita com flores…

Não estava convencida nem tão pouco convertida! Mas a verdade é que conseguia já imaginar-se a Princesa Árvore. Que talvez não estivesse muito na moda mas que a fazia sem dúvida mais feliz!

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