A
Mãe contara-lhe que nascera com um pezinho no rio…
Veio
mais cedo do que o esperado por todos. Numa manhã de outono cedo, muito
cedinho.
Logo
ela que detestava madrugar! A não ser, claro, por uma boa causa!
Ver
nascer o sol, por exemplo! Ora aí está o que considerava uma boa causa!
Talvez
por isso tivesse decidido nascer cedo, provavelmente tinha querido ver o sol
nascer. E a Mãe também lhe contara, que o amanhecer desse dia tinha acontecido
o mais maravilhoso que recorda…
Um
sol radioso ia invadindo a casa e o quarto onde começaria a sua história.
Lá
fora a manhã acordava o rio e ela acordava a casa!
Quando
chegou ao quarto para observar a Mãe, o Avô fez saber que esta já não teria tempo
de chegar ao hospital e entre a aflição da Avó e de Ana e o telefonema para
Dona Sofia, a enfermeira parteira que sempre assistia o Avô, ela resolvera
fazer o que lhe competia, simplesmente nascer!
Nascer,
paredes meias com o rio que a veria saltitar-lhe as margens, ouvir-lhe as rãs e
os saltos dos peixes nas noites em que o verão vinha lavar estrelas nas suas
águas.
O
rio que a levaria nos seus longes do alto da varanda…
O
rio de trabalho que se habituara a ver e onde hoje se encostam cansados os
barcos que já não sabem sonhar!