quarta-feira, 15 de agosto de 2012

BALADA DO REI DAS SEREIAS



O rei atirou
Seu anel ao mar
E disse às sereias:
– Ide-o lá buscar,
Que  se não o trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
-
Foram as sereias,
Não tardou, voltaram
Com o perdido anel.
Maldito o capricho
De rei tão cruel!
-
O rei atirou
Grãos de arroz ao mar
E disse às sereias:
– Ide-os buscar,
Que se não os trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
-
Foram as sereias,
Não tardou voltaram,
Não faltava um grão.
Maldito o capricho
Do mau coração!
-
O rei atirou
Sua filha ao mar
E disse às sereias:
– Ide-a lá buscar
Que se a não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
-
Foram as sereias…
Quem as viu voltar?…
Não voltaram nunca!
Viraram espuma
Das ondas do mar.

 
-
Manuel Bandeira






2 comentários:

Lídia Borges disse...


Maravilhoso!

Na verdade, nunca se poderá contentar um tirano.
A solução passa por enfrentá-lo e vencê-lo.

Um beijo

Ana Paula disse...

Assim, fui transportada até o mar.

Sempre as melhores escolhas.

Beijinhos.