sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O GUARDA CHUVA





Le Parapluie

Il pleuvait fort sur la grand-route,
Elle cheminait sans parapluie,
J'en avait un, volé sans doute
Le matin même à un ami.
Courant alors à sa rescousse,
Je lui propose un peu d'abri
En séchant l'eau de sa frimousse,
D'un air très doux elle m'a dit oui.
Un petit coin de parapluie,
Contre un coin de Paradis.
Elle avait quelque chose d'un ange,
Un petit coin de Paradis,
Contre un coin de parapluie.
Je ne perdait pas au change,
Pardi!
Chemin faisant que se fut tendre
D'ouïr à deux le chant joli
Que l'eau du ciel faisait entendre
Sur le toit de mon parapluie.
J'aurais voulu comme au déluge,
voir sans arrêt tomber la pluie,
Pour la garder sous mon refuge,
Quarante jours, Quarante nuits.
Un petit coin de parapluie,
Contre un coin de Paradis.
Elle avait quelque chose d'un ange,
Un petit coin de Paradis,
Contre un coin de parapluie.
Je ne perdait pas au change,
Pardi!
Mais bêtement, même en orage,
Les routes vont vers des pays.
Bientôt le sien fit un barrage
A l'horizon de ma folie.
Il a fallut qu'elle me quitte,
Après m'avoir dit grand merci.
Et je l'ai vue toute petite
Partir gaiement vers mon oubli.
Un petit coin de parapluie,
Contre un coin de Paradis.
Elle avait quelque chose d'un ange,
Un petit coin de Paradis,
Contre un coin de parapluie.
Je ne perdait pas au change,
Pardi!
                                       Georges Brassens



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

CHUVA


( imagem retirada da web )



Lluvia

hoy llueve mucho, mucho,
y pareciera que están lavando el mundo.
mi vecino de al lado mira la lluvia
y piensa escribir una carta de amor/
una carta a la mujer que vive con él
y le cocina y le lava la ropa y hace el amor con él
y se parece a su sombra/
mi vecino nunca le dice palabras de amor a la mujer/
entra a la casa por la ventana y no por la puerta/
por una puerta se entra a muchos sitios/
al trabajo, al cuartel, a la cárcel, a todos los edificios del mundo/
pero no al mundo/
ni a una mujer/ni al alma/
es decir/a ese cajón o nave o lluvia que llamamos así/
como hoy/que llueve mucho/
y me cuesta escribir la palabra amor/
porque el amor es una cosa y la palabra amor es otra cosa/
y sólo el alma sabe dónde las dos se encuentran/
y cuándo/y cómo/
pero el alma qué puede explicar/
por eso mi vecino tiene tormentas en la boca/
palabras que naufragan/
palabras que no saben que hay sol porque nacen y
mueren la misma noche en que amó/
y dejan cartas en el pensamiento que él nunca escribirá/
como el silencio que hay entre dos rosas/
o como yo/que escribo palabras para volver
a mi vecino que mira la lluvia/
a la lluvia/
a mi corazón desterrado/

                                                                                             Juan Gelman

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

SEMANA COM UM LEVE E BREVE SOPRO DE PRIMAVERA





O regresso à escola fez-se de guarda-chuva e gabardina.

Da janela pudemos ver o inverno instalado no nosso recreio e o vento a espalhar o cinzento por todo o lado. A chuva era tanta e tão forte que nem os pássaros se atreviam a atravessá-la.

Mas o tempo tem destas coisas…

A primavera conseguiu adormecer o inverno ou talvez este estivesse cansado depois dos estragos que causou e precisasse de recuperar forças. Seja lá o que for, o sol brilhou e em semana de reis e rainhas, o canteiro dos trevos floriu, os pássaros encheram o ar de cantos e os meninos puderam mergulhar na relva.

Tudo, graças a um leve e breve sopro de primavera.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PARA ESPALHAR A CHUVA





Para os meninos como para os pássaros

Nunca importa o tempo que faz

Nem a hora

Porque a hora de pássaro e de menino

É exatamente igual

Se está chuva os meninos sorriem

Tal como se estivesse sol

Saltitam nas poças

Correm chuva adentro…

Acham graça ao guarda-chuva

Mas depressa descobrem

Que é muito mais divertido quando não há

Os pássaros esses

Não usam guarda-chuva

Voam totalmente livres

Chuva acima, chuva abaixo…

Entoam cantorias que rompem o silêncio

Vestem as árvores que tremem de frio

E sacodem a saia aos pinheiros

Que lhes dão guarida e lhes protegem os ninhos…

Os meninos abrem as mãos

Para apanhar o canto dos pássaros…

Os pássaros ouvem o riso dos meninos

E soltam-no no canto…

Ambos para espalhar a chuva.



sábado, 4 de janeiro de 2014

CARTA DE MAR (FORA DE MODA)


( Imagem retirada da web)




Pensei escrever-te uma carta. Uma carta CARTA, dessas que se escrevem com papel sépia, (a minha cor de papel de carta preferido), dá à carta um certo estilo. Bom, isto do estilo foi o Avô Miguel que me ensinou, segundo ele, as cartas têm de ter um estilo próprio. O estilo de quem as escreve… E claro, ainda segundo o Avô, uma boa caneta e disse; caneta, determinante na execução de uma boa caligrafia. Mas ora aqui está um ponto em que sou obrigada a discordar do Avô. É que ele há caligrafias que não melhoram com a qualidade da caneta, a minha por exemplo, revela-se quase elegível e segundo o meu velhinho professor de literatura, a diferença entre a minha caligrafia e uma galinha a esgravatar seria quase nula. E aqui sim, a qualidade da caligrafia era bem importante, não fosse a morada ilegível devolver a carta à procedência ou mesmo faze-la viajar até outras mãos que não as tuas.

E o que eu gosto de pensar, que a carta escrita pelas minhas mãos toca as tuas…

Bem sei, para quê escrever uma carta, carta quando podia utilizar uma rede social qualquer?!

Ou um dos tantos meios que a tecnologia põe à minha disposição?

Não sei se já te disse, mas sou completamente avessa às redes sociais! Os meus amigos dizem que é teimosia e talvez mania de ser diferente… Ou as duas! Pois eu digo, que não me fazem falta! Não me apetece! Detesto afetos em rede, vãos e ocos…Pode ser que não sejam todos…

Não estou nadinha interessada em fazer parte das partes da rede!

E seja qual for o meio eletrônico escolhido são todos voláteis e descartáveis.

Claro, eu ia falar-te da minha praia, que estava hoje pela manhã revirada do avesso…

No areal molhado e remexido pela força das ondas, só se viam destroços das várias inutilidades com que nós humanos vamos brindando o mar…
Destroços e conchas partidas…

Das gaivotas nem sinal, que estas andam longe quando a força do mar estremece a praia…

E hoje também não era um bom dia para procurar beijinhos do mar, estes são raros, (como os teus), nesta época do ano. Já na primavera, podem apanhar-se aos molhos na beirada…

Além de que seria uma total imprudência passar hoje do meio do areal…
Por isso, voltei cedo para casa e pensei na carta a sério…

Sim, sim todas estas palavras eram desnecessárias. Bastava tirar uma foto da praia e enviá-la num simples toque de telemóvel… ou coloca-la no facebook ou…

Mas com sentirias as minhas mãos perfumadas de mar nas tuas apesar da minha horrível caligrafia?!