sexta-feira, 8 de julho de 2016

TREPAM SORRISOS PELA TARDE...


   
Aydin (Turquia) – Crianças subindo escada de mesquita



 Pendurados na brisa
Trepam sorrisos pela tarde…
Que Deus pode ter vários nomes
Mas os anjos são iguais em toda a parte…




segunda-feira, 4 de julho de 2016

TENHO TANTO QUE BRINCAR…





“Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.
Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer.
Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador…
A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.”



                                                                      Álvaro Magalhães





quinta-feira, 23 de junho de 2016

A MANHÃ





Em manhã de S. João
Andava a menina a brincar
Com colarzinho de orvalho
Capelinhas de Luar

Andava a brincar a menina
E ela a brincar cantava
As águas do rio corriam
E a manhã acordava

Era manhã orvalhada
E toda a terra floria
Cravos de cor encarnada
Rosas de rosa bravia

Era manhã orvalhada
Do dia de S. João
Nos ninhos aves cantavam
Cantavam grilos no chão

Andava a menina a cantar
Acordada do seu sono
E para de perto a escutar
S. João desceu do trono



                                      Matilde Rosa Araújo

domingo, 19 de junho de 2016

A ESTRELA AZUL DE SARAH AFONSO E MIGUEL TORGA




Brinquedo

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.


                                                             Miguel Torga