Mostrar mensagens com a etiqueta coisas minhas e do meu jardim. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta coisas minhas e do meu jardim. Mostrar todas as mensagens

domingo, 28 de outubro de 2012

OUTUBRO LONGE




E outubro ia entrando pelo meu jardim que se tornava numa paleta de cores quentes. A contrastar com o friozinho que pedia xaile nos ombros ao cair da tarde.

A enorme roseira que engalanava a porta principal da casa ficava durante outubro completamente desgrenhada! O vento e as primeiras chuvas encarregavam-se de colocar aos pés desta as pétalas que dantes a perfumavam e lhe enfeitavam as folhas e os ramos.

Outubro não era um mês bom para as rosas.

Agora floriam fulgurosas as dálias. E num pedacinho de canteiro ao pé do lago, uma braçada de malmequeres amarelos fazia brilhar o sol nos dias em que o cinza do céu cobria o jardim.

Também pelo lago dentro entrava outubro. É certo que nele continuavam a nadar sem pressas os peixinhos que outrora me tinham colorido a infância… Mas dos nenúfares só restavam as folhas e não se viam por ali as libelinhas que no verão faziam aparecer no lago o arco-íris.

Despidos iam ficando os plátanos, cujas folhas num outubro longe usara para inventar vestidos de bonecas com corpo de papel que guardava religiosamente em caixinhas no fundo do armário e com as quais desenhava mil histórias.

Outubro vestia ainda de ouriços os enormes castanheiros onde adorava subir para ficar simplesmente a baloiçar as pernas e a olhar o enorme nada que se estendia em meu redor.

Já cá em baixo, admirava os dióspiros cuja doçura dividia com os pássaros e caminhando na relva salpicada de folhas coloridas pensava, como era bom morar num jardim onde outubro se passeia.