quinta-feira, 12 de abril de 2012

ALTERAR O SENTIDO DA CHUVA





Serenata à Chuva


Chuva, manhã cinzenta, guarda-chuva.
Entrar no contexto, dois pontos. Ele e ela
abraçados caminham sob o teto
do guarda-chuva que os guarda.
Pelas ruas vão com vontade de voltar
ao branco dos lençóis. Esse objeto prosaico
que às vezes se vira com o vento
torna-se objeto de poema. Dizer também
como a chuva é doce neste dia de verão.
Como o amor altera o sentido da chuva,
sim, como ela se eleva no ar e as frases se colam
ao vestido.
No interior da pele o poema mudou
desde que entrastes no guarda-chuva esquecido
a um canto do armário.
Talvez o amor seja tudo amar sem exceção.
Eu que nunca uso guarda-chuva
assino incondicionalmente este poema.


Rosa Alice Branco

2 comentários:

Rita Carrapato disse...

Também assino o poema e a escolha deste poema.

Beijinho Teresa

xn disse...

Excelente, como sempre mostras o teu bom gosto! Obrigada por partilhares.
A chuva é realmente um "estado de espírito", até mesmo um "estado de idade". Que bem me sabia regressar a casa da escola a saltar de poça em poça, sem guarda-chuva,como é claro e com a certeza de um ralhete! E a chuva de verão, com belos passeios e companhias...E a chuva que refrescava e acalmava as ideias...
E agora a chuva da Joaninha que adora apanhar chuva e até diz que se corrermos rápido as gotas não nos apanham.
Enfim, a chuva pode realmente ser deliciosa e refrescante...
Só não gosto quando tenho de sair e não tenho guarda-chuva e não posso chegar molhada, é que não sei ainda bem porquê,mas foi objecto que raramente tive,porque quando o tinha simplesmente o perdia.
Bjinhos grandes