sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O REGRESSO À BIBLIOTECA DA FADA FLORÊNCIA





Já aqui apresentei a Fada Florência.

A Fada que saiu de um livro de que gostamos muito e que por vontade dos meninos ficou a morar na biblioteca. Acham os meninos e eu concordo em absoluto, que quem gosta de livros deve morar perto deles.

Mas como também é sabido, quem gosta de ler e de livros está sempre à procura de livros e mais livros. Por isso a Fada Florência resolveu correr mundo à procura de livros especiais.

A viagem da Fada começou no início do verão, aproveitou as férias dos meninos e quando começaram as aulas a nossa amiga ia dando notícias de livros e lugares.

Ora escrevia cartas que apareciam na varanda, cartas que tinha pedido a outras Fadas que passassem pela nossa escola para levar, ou a um ou outro pássaro amigo. Outras vezes recebíamos a visita do carteiro, trazia um embrulho e já sem abrir sabíamos que dentro vinha um livro… Um livro que iriamos gostar, porque as Fadas sabem sempre de livros encantados, para encantar, desassossegar, sonhar e todas as coisas que queiramos imaginar!

Mas chega um dia em que os amigos precisam de matar as saudades uns dos outros e na última carta que nos mandou, a Fadinha dizia que, brevemente voltaria à sua, (nossa) biblioteca, estava cheia de saudades e tinha muitos livros para partilhar connosco. E quando sem se fazer anunciar a Fada entrou com o Martim na sala de aula, a alegria foi tal, que entre beijos, abraços, livros e pó de fada, todos falavam ao mesmo tempo… Coisas de amigos que se gostam e têm muito para partilharem.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

LAGO EM TARDE DE FIM DE OUTONO





No lago
recolhem ao fundo os peixes
como que adormecidos
e com as últimas folhas
também o outono
mergulha nas águas.
Só à superfície
um pato tenta prender o sol
para apagar o frio.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

HISTÓRIAS QUE SÓ ACONTECEM NO MEU JARDIM






Ainda o sol não tinha derretido o orvalho da manhã e no jardim já não se falava de outra coisa. A história de amor entre o pé de maracujá e a oliveira! No canteiro das dálias só se ouviam cochichos;

- Não sei que terá visto nela. Afinal nós somos muito mais belas e elegantes. Diziam invejosas!
 
As margaridas por seu lado, achavam esta uma história de amor linda. É verdade que o jardim já conhecera outras histórias de amor, mas nunca nenhuma outra deixara o jardim tão em polvorosa.

Aliás, este era um jardim onde tudo decorria apesar das pequenas histórias, sem grande história.

As dálias viviam no seu canteiro e não havia memória que alguma vez tivessem ousado apaixonar-se pelos amores-perfeitos. É verdade que as margaridas costumavam sair para jantar com um ou outro mal-me-quer, as rosas amarelas tomavam chá com as rosas brancas, as vermelhas… às vezes lá se passeavam com os cravos.

Ouvia-se até dizer, que um dia uma bela rosa encarnada se apaixonara perdidamente por um antúrio, mas as famílias descobriram e proibiram que fossem felizes. E no jardim toda a gente, quer dizer, todas as flores, árvores e plantas acharam normal!

E esta que podia ter sido uma grande história de amor, não passou afinal de uma história vulgar, uma história em que uma rosa e um antúrio decidiram ser infelizes para sempre!

Podiam ter sido felizes enquanto durasse, mas não tiveram a coragem do pé de maracujá e da oliveira, que apesar das más-línguas de todo o jardim ou quase todo, resolveram perder-se de amores e viver juntinhos pelo menos até ao fim do inverno.




sábado, 1 de dezembro de 2012

O MAR É A MINHA CASA


( Tatiana Deviy )



No meio de mim

há uma casa

caiada de espuma

com janelas de vento

e um jardim

plantado de peixes

e conchas de mil cores 

onde pousam caranguejos.