quinta-feira, 28 de junho de 2018

IMPRESSÕES SOBRE UM PASSEIO NA SERRA




Um silêncio verde cola-se à pele
partido de quando em vez
pelos saltos da água por entre as pedras do rio
e pelas rãs que tecem as estações com seu alegre coaxar…
Invento uma salamandra de pintas amarelas
numa qualquer gruta escondida
por saber que existe.
Por sobre mim
as árvores vão trocando confidências e abraços
as mais vaidosas miram-se ao espelho
em pequenos charcos…
Um pisco-de-peito-ruivo
enfeita um ramo velho com o seu canto
e há flores silvestres por todo o caminho
a pintar mantinhas coloridas na paisagem
e a engalanar moinhos decrépitos…
A retina cola-se uma vez mais
à objetiva da máquina fotográfica
para captar o que os sentidos já guardaram…
Fica o verde, o silêncio, a leveza…
E o azul na lagoa de um antigo fojo
que os romanos deixaram para trás…



domingo, 24 de junho de 2018

O TAMANHO DO SILÊNCIO DAS MANHÃS DE SÃO JOÃO…




São João tanta folia
Sem hora para acabar…
Começa a festa no rio
E lava a cara no mar…

Já te falei do tamanho dos silêncios das manhãs de São João?
Em que a lubrina que envolve a praia, traz o som de um martelinho perdido na noite a misturar-se com o som da maresia?
À medida que o manto de neblina se deixa esgarçar pelo sol, o azul fica mais forte e por sobre as ondas, pairam silêncios de balões amarrotados de tanta folia…
A brisa carrega ainda odores de fogueiras já apagadas e de manjericos que esperam perfumar o arraial a São Pedro…
É um imenso silêncio…
A misturar-se de azul.