( Imagem retirada da web)
Foi num destes dias
quando abri a janela para deixar entrar a manhã e o mar.
Ouvi alguém à conversa,
mas curioso, não se via viva alma.
A praia estava deserta
e por debaixo da janela também não havia ninguém. Olhei em volta, mas por mais
que os meus ouvidos procurassem não, não conseguiam descobrir quem conversava.
Certo é que continuava
a ouvir vozes…
Só podia estar a
imaginar coisas! As vozes vinham do recreio da escola que ficava mesmo ao lado
da minha janela. Mas estávamos em férias, quem conversaria por ali?! Procurei
descobrir alguém por entre as folhas dos enormes Plátanos que moravam no
recreio, espreitei e definitivamente, não havia mesmo ninguém por ali. Por
momentos pensei que as árvores conversavam entre si e sorri! Que ideia mais
disparatada! Mas não tinha tido ainda tempo de acabar de pensar, quando tive a
certeza que era mesmo uma conversa de árvores.
- Tenha
juízo menina! As árvores estão cobertas de folhas, não de estrelas! Nunca ouvi
um disparate maior! Querer estrelas-do-mar nos ramos em vez de folhas!
- Mas são
tão bonitas! E porquê que todas as árvores hão-de ter folhas?!
- Ora, ora
para fazer sombra, para deixar-se pentear pelo vento e tombar com elegância no
outono.
- Mas uma
sombra de estrelas seria maravilhosa! E quando o outono trepasse pelas árvores,
as estrelas cairiam e o chão ficaria lindo! Um chão coberto de estrelas-do-mar…
dizia a árvore mais jovem.
- Por favor
comadre, ajude-me, que já estou a ficar com os ramos agitados! Diga a esta
cabeça voadora que uma árvore é para o que nasce, e ponto final! Pedia a árvore
mais velha.
- Bom,
comadre, lamento discordar de si. Sobretudo no ponto final!
- Já vi estrelas
nos olhos de alguns meninos que no tempo de escola brincam neste pátio. E como brilham!
Pois se brilham nos olhos dos meninos, porque não podem brilhar nos ramos e no
coração de uma árvore?!
- Ouvi até
dizer, que as nossas primas que vivem no fundo do mar, têm não só estrelas nos
ramos, mas búzios, mil conchinhas, algas de todas as cores. Dizem que há até
árvores que dão peixes!
- Eu cá não
me importava nada de dar peixinhos vermelhos! A árvore dos peixes vermelhos…
ai!
- Valha-me
Deus! A quem fui eu pedir ajuda! Sempre pensei que a comadre tivesse um pouco
mais de tino! Uma quer estrelas nos ramos e a outra peixes!
- Não se
apoquente comadre!
Eu gosto das
minhas folhas e dos pássaros que se desprendem delas! Gosto de morar aqui no
recreio da escola. E sabe que mais? Já tenho saudades dos meninos. Mas não vejo
mal nenhum em querer ser diferente. E se não sonhamos comadre, a vida não vale a
pena!
5 comentários:
Quero um livro já!
Por favor, um livro da Teresa é urgente!
Um livro, autografado, para ler ao Diogo. Para o Gonçalo ler. Para o lermos em família.
Para o Diogo nos dizer qual o número da página que estamos a ler e dizer as letras. Sempre que lemos é assim. Diogo:(ao virar a página) este é o número X, no lado direito é o número Y. Com as palavras da mesma forma.
Parabéns uma vez mais!
Sublime!
Se acreditarmos nos nossos sonhos sabemos que podem ser mágicos e a magia entra em cada pessoa e faz com que cada uma sonhe.
Assim vale a pena sonhar quando sabemos que podemos fazer sonhar o outro:)
O corpo a forma é limitada, mas o que somos não tem limites...podemos ser o que nós quisermos...a magia acontece e cabe a cada um de nós fazer por isso...com amor, amizade, bondade, persistência e o muito desejar.
Às vezes parece que estamos sozinhos, às vezes parece que é tudo em vão...não...não estamos sozinhos há sempre alguém que acredite tal como nós nos sonhos e na magia e juntamente connosco nos ajudam a que se torne uma realidade. Um beijinho mágico para ti
Como eu gosto que a Teresa seja diferente...
Continue a sonhar e a escrever.
Bjs
Um doce, este texto !
Parabéns
Conversa deliciosa! Escolha difícil, entre estrelas do mar, peixinhos vermelhos e folhas... imaginação sem fronteiras ... gostei!
Enviar um comentário