Hoje quando colocava na cabeça uma boina para passear à beira mar, a Mãe comentava o facto de eu adorar chapéus e boinas desde sempre. Segundo ela, talvez das poucas coisas que tenha conseguido “vestir-me”, sem que eu refilasse e arrancasse!
Aproveitou então para contar que eu detestava vestidos, adereços no cabelo e sapatos! Que normalmente mudava de roupa umas três a quatro vezes por dia, pois nem quando ficava de castigo sem sair do quarto conseguia manter-me limpa e arranjada!
Sempre que ia brincar para o jardim regressava a casa parecendo que tinha sido atacada por uma matilha! Parece que gostava de subir às árvores, rebolar na relva, enfiar-me na lama do rio… tudo actividades nada próprias para uma menina, segundo a Mãe claro!
Na verdade eu não tinha nada contra a roupa que me vestiam só mesmo contra a falta de jeito que tê-la vestido dava para o que eu gostava de fazer! Mas aos chapéus adorava-os, lembro-me até de ter decidido que, quando fosse grande, havia de os usar com véuzinhos sobre os olhos, para lhes aumentar o mistério e o encanto.
Tolices. Quem poderia adivinhar que ao tornar-me grande os chapéus tinham caído em desuso.
2 comentários:
Doces memórias essas que sempre nos acompanham e doce também essa reguilice, de menina de forte personalidade, que sabia bem o quanto um vestidinho de folhos e rendas podia ser um grande entrave ao movimentos livres que essas brincadeiras exigiam. Ah, se os nossos meninos hoje brincassem enfiando as mãos na terra à procura de uma minhoca, de um bichinho de contas, ou tão simplesmente, à procura de sentir o prazer da terra a acariciar a pele!...
Um beijinho
(E já agora, ainda bem que as boinas estão em moda. Não as dispenso)
Chapéus belíssimos como este há poucos , cara colega!
Cara colega, tiro-lhe o chapéu!
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