A turma do terceiro ano da professora Alexandra é uma turma muito especial.
Talvez porque a professora Alexandra seja uma pessoa especial. Daquelas pessoas que amam a profissão e os meninos de forma tão arrebatadora, que nenhum sistema de avaliação por mais justo e transparente que fosse conseguiria avaliar!
Sim, porque nenhum sistema de avaliação que se conheça quer saber de fascínios e paixões. Quando se trata de avaliar o trabalho desenvolvido, as emoções não são tidas em conta, não estão sequer contempladas nas cotas!
Mas a professora Alexandra não está preocupada com nada disto, ela sabe que uma escola deve ser um sítio onde se esbanjam sonhos e sorrisos, por isso deixa os seus meninos “inventar como os cientistas e os poetas”. Meninos que usam e abusam da gramática da fantasia, que gostam de escrever, de ler, de andar ao sabor da poesia.
Não sei bem como aconteceu, mas um dia, a professora Alexandra desafiou-me para que falasse aos seus meninos da minha paixão pelos livros. Aceitei imediatamente. Primeiro porque adoro desafios, depois, porque quando se trata de fascínios e paixões, nem eu sei o quão longe me podem levar…
Disse aos meninos, o quanto me sinto privilegiada por ter crescido rodeada de livros e de pessoas que me fizeram acreditar, que ler é mesmo uma das maravilhas do Mundo.
Falei-lhes dos primeiros livros que li por mão própria, “O Palhaço Verde”, de Matilde Rosa Araújo. Para mim, um livro tão especial, tão belo, como são todos os livros de Matilde. Um livro onde encontrei a definição de amor mais bela que algum dia li.
Da “Menina do Mar”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, outro livro encantado. E de José Mauro de Vasconcelos, cujo “Coração de Vidro”, tanto me fascinou.
Os meninos riram-se quando lhes disse, que às vezes adormecia agarrada aos livros, queria tanto saber como terminavam, mas o sono era mais forte!
Os meninos brindaram-me com algumas definições sobre o que é ler, absolutamente brilhantes. Todos concordam que ler é quase sempre o melhor remédio. Há até quem sugira que devemos ler devagar para saborear melhor os sonhos a que as palavras nos conduzem. Os meninos sentem o maravilhoso que é entrar dentro de um livro, tanto dizem alguns, que nem apetece sair! E houve mesmo uma menina, que sugeriu que através da leitura, podemos encontrar aquilo que muitas vezes pensamos não encontrar na vida!
Falamos ainda da língua maravilhosa que é a nossa. E do que é escrever. Que podemos e devemos escrever se isso nos deixa felizes. Mas escrever é uma coisa, outra é conseguir o “delírio do verbo”, esse só alguns conseguem. Embora haja uns quantos outros que acham que não. E talvez por não terem disso consciência, engrossam a lista de medíocres que editam livros, vá-se lá saber porquê!
Foi uma manhã bem passada que espero repetir!
Obrigado meninos e professora Alexandra!
4 comentários:
Olá querida Teresa! O teu texto está exageradamente formidável! Tal como tu, adoro o que faço e faço-o com muita garra e paixão! Temos certas características em comum: gostamos de ler, de escrever e principalmente queremos que os nossos meninos sejam felizes!
Obrigada por seres como és!
Olá outra vez!
Só para dizer que até vou imprimir o teu texto!
Até amanhã!
Isto está simplesmente lindo demais, como dizem os brasileiros que parece tanto gostar!
Ganha-se tanto visitar Búzio do Vento!
Muito obrigada por partilhar estas emoções.
Obrigada,também, à Professora Alexandra. Um louvor por todo o trabalho desempenhado com a turma, desde o primeiro ano. São ambas, simplesmente, brilhantes.
Mãe do Gonçalo
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