quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A ESCOLA E EU


                       ( Robert Doisneau ) 


Lembro que quando muito menina, ainda antes de entrar para a escola. Do jardim de casa via uma outra casa, de paredes muito brancas e um telhadinho de onde uma chaminé retorcida, deixava sair novelinhos de fumo que o vento se divertia a engolir…

Mas o que mais me encantava naquela casinha, era a sineta presa no enorme portão de ferro verde. Bom, eu era muito pequena, nunca tinha entrado naquela casa, mas imaginava que devia ser um lugar onde todos gostavam muito de ir… Mal a sineta tocava, os meninos corriam felizes à procura da porta da casa, era como se entrassem num lugar mágico. Pois durante algum tempo não se ouvia mais nada. Quer dizer, ouviam-se os pássaros, que poisavam aqui e ali, as pessoas que passavam cá fora e se cumprimentavam, o padeiro que entregava o pão…

Depois, pela mesma portinha, voltavam a sair muitos meninos, cheios de sorrisos, a correr, a cantar…
Aquela tinha de ser uma casa maravilhosa!
Eu queria muito entrar naquela casa, que a minha mãe disse, chamar-se escola, mas para isso, eu tinha de crescer… Assim, como o meu primo Zé Luís, que costumava puxar-me as tranças e chamar-me dentes de coelho!

E o dia de entrar na casinha maravilhosa, chegou!
E naquela que deve ter sido uma bela manhã, passei de mão dada com a minha mãe o portão de ferro verde e ao som da sineta, entrei, mais uns quantos meninos e meninas pela porta mágica!
Lá dentro, havia umas mesas castanhas com a cadeira agarrada, que davam para sentar aos pares… Um estrado com a mesa da professora, um quadro enorme preto que cobria toda a parede e tinha de cada um dos lados, um retrato a preto e branco de dois senhores que não pareciam nada contentes… No meio, havia uma cruz… 

- Bom dia! Pequenos sóis! Aqui neste lugar maravilhoso, vamos ser todos muito felizes!
Ao ouvir Dona Laura, este era o nome da minha professora, eu tive a certeza de ter entrado no melhor lugar do mundo…

Dona Laura, era assim como uma fada que eu ouvira das muitas histórias que a avó me contara, parecia como um raio de luz a pousar de menino em menino… De voz doce, de infinita paciência, sempre encantada e a sorrir…

Na escola de Dona Laura, aprendi, quase tudo o que a escola tem para ensinar…
Mas aprendi sobretudo, que a escola tem de se um lugar de encantos e espantos…

Talvez Dona Laura gostasse de saber, que passados tantos anos, ainda me lembro dos malmequeres amarelos que brilhavam como pequenos sóis na jarra pintada da sua mesa… E que a escola ainda é um lugar onde gosto de ir!

1 comentário:

Lídia Borges disse...

Por momentos julguei termos andado na mesma escola, no mesmo momento. Laura era também o nome da minha professora, também muito parecida com uma fada, só que, todos os seus cabeços brancos como a neve. Talvez por isso fosse um pouco mais lento o seu pousar de menino em menino.

Belíssimas memórias!

Eu também sempre disse que tinha gostado tanto dessa casa-escola que continuaria a frequentá-la mesmo depois me ficarem brancos os cabelos.

BOM ANO!

Lídia