Um silêncio verde cola-se à pele
partido de quando em vez
pelos saltos da água por entre as pedras do rio
e pelas rãs que tecem as estações com seu alegre
coaxar…
Invento uma salamandra de pintas amarelas
numa qualquer gruta escondida
por saber que existe.
Por sobre mim
as árvores vão trocando confidências e abraços
as mais vaidosas miram-se ao espelho
em pequenos charcos…
Um pisco-de-peito-ruivo
enfeita um ramo velho com o seu canto
e há flores silvestres por todo o caminho
a pintar mantinhas coloridas na paisagem
e a engalanar
moinhos decrépitos…
A retina cola-se uma vez mais
à objetiva da máquina fotográfica
para captar o que os sentidos já guardaram…
Fica o verde, o silêncio, a leveza…
E o azul na lagoa de um antigo fojo
que os romanos deixaram para trás…
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