AVÔ
A casa já não respira
como dantes…
À nossa espera só a
memória dos abraços e beijos espalhados na hora da chegada…
Eu sei, um dia tudo
haveria de mudar… E nós, também nós haveríamos de mudar…
Alguns mudariam tanto
que a casa não mais os sentiria a ficar, apesar dos risos e vozes tatuados nas
paredes e de no soalho ecoarem ainda passos da infância…
Vim para fazer a
árvore de natal… A Aurora ligou-me, não queria mexer em nada sem o meu consentimento, não fosse partir-se alguma coisa…
Na verdade, acho que foi
uma maneira de arrastar-me até aqui…
Não tem sido fácil….
Desde a morte do tio
Manuel que tinha evitado voltar, a casa está mais vazia e fria, apesar do lume
vivo que vai crepitando na lareira…
A árvore de natal e
presépio estão agora nos lugares de sempre, da cozinha vem até um cheirinho a
limão e canela…
E eu espero …
Espero os natais que
hão-de vir mesmo sabendo que vou estar cada ano mais triste…
1 comentário:
Belíssimo!
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