Se eu tivesse um pomar, um pequeno pomar que fosse, não lhe poria grades à roda,
como os outros proprietários. Não poria, a guardá-lo, um desses cães enormes,
rancorosos, que andam sempre rondando os pomares...
O meu pomar seria assim: todo aberto, para todos. E, quando o outono
chegasse e as árvores ficassem cheias de frutos amarelos e vermelhos, nenhum
pobrezinho teria fome, nenhuma criança choraria de sede, passando pelo meu pomar...
E, no inverno, ainda haveria lá onde alguém se abrigasse, quando
chovesse muito ou fizesse muito frio...
Se eu tivesse um pomar, ele estaria sempre em festa, cheio de borboletas e de
pássaros...
Como eu seria feliz, se tivesse um pomar!
Cecília Meireles
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