Certo dia numa reunião
de Pais alguém me perguntou o que faziam exatamente os meninos do Pré-Escolar.
Quem fez a pergunta foi bastante explícito, queria saber o que faziam na sala
além de brincar.
Podia ter respondido de
milhentas maneiras, mas olhei pela janela e no momento só me ocorreu convidar
os Pais a ir até ao jardim e pedir-lhes que observassem os bichinhos da relva.
Ora só se pode observar
os bichinhos da relva sentado, melhor deitado! Alguns desconfiados, resistiram
a sentar-se. De cima observavam os mais ousados, mas sobretudo observavam-me.
Disse-lhes que uma vez sentada na relva com os meninos lhes pediria que me falassem do que viam; que por entre a relva se podem ver muitas coisas, que quando estamos todos juntos vemos sempre coisas que sozinhos nunca conseguiríamos, mas que só assim aprendemos a ver sozinhos, outras coisas que mais ninguém vê…
Disse-lhes que uma vez sentada na relva com os meninos lhes pediria que me falassem do que viam; que por entre a relva se podem ver muitas coisas, que quando estamos todos juntos vemos sempre coisas que sozinhos nunca conseguiríamos, mas que só assim aprendemos a ver sozinhos, outras coisas que mais ninguém vê…
Provavelmente os
meninos iriam desenhar, pintar, modelar, recortar ou só sonhar o que viram…
Pese o facto de alguns
me acharem um tanto maluquinha e estranharem os métodos pedagógicos a maioria
entendeu o que fazem os meninos na sala e principalmente fora dela!
Por isso quando numa
destas manhãs entrei na escola acompanhada por dois caracóis já ninguém
estranhou!
Eu e os meninos tínhamos
andado no muro do recreio à sua procura, mas em vão.
Mas a caminho da
escola, eis que dois caracóis se me atravessam mesmo à frente e pensei:
-Hoje é o dia em que
vamos descobrir tudo o que quisermos sobre caracóis!
Pedi então aos pobres
bichos que me desculpassem por tirá-los da sua vida. Imaginei como ficaria
furiosa se alguém me impedisse de seguir a minha vida naquela manhã. Apesar de
pouco saber da vida dos caracóis, calculei que estivessem ocupados nos seus
afazeres de caracol e prometi-lhes que em breve estariam no mesmo sítio.
Quando os apresentei
aos meninos, estes logo disseram que era um caracol Pai e Mãe, queriam ver onde
os tinha apanhado, se calhar os filhos andavam à sua procura…
Além do mais tinham
aprendido quando fizeram Poça de Maré, que sempre que retiramos um animal do
sítio devemos voltar a coloca-lo no lugar…
Um dos caracóis parecia
até muito irritado, e logo alguém sugeriu que devia ser a Mãe, (vá-se lá saber
porquê), decidimos depois de já termos descoberto alguma coisa sobre caracóis
devolvê-los ao seu lugar.
E aqui fica tudo o que
descobrimos sobre caracóis:
- Que adoram aparecer
depois da chuva.
- Que têm os olhos nos
corninhos.
- Que andam devagar
para ver melhor!
- Que são escorregadios.
- Que podem morar onde
quiserem, pois têm sempre a casa consigo!
- Que gostam de
trabalhar à noite para se protegerem de uns pássaros que os apreciam na ementa.
- Que há caracóis
diferentes, e basta olhar para as conchas!
- Há também caracóis no
mar.
Ao chegarem ao local
onde tinha apanhado os caracóis apareceram outros mais pequenos, seriam
certamente os filhos de que falaram os meninos…
Caracóis no lugar, a
Matilde pediu-lhes que tivessem cuidado e ficassem na relva, não fosse alguém
distraído pôr-lhes o pé em cima…
6 comentários:
Amiga
Não pude deixar de sorrir ao ler-te.
Então desta vez foram caracóis! É que me lembrei daquela vez em que puseste meia sala de professores(as) a fugir por causa de um sapo que tinhas apanhado na horta para mostrar aos meninos!
Tudo aos gritos e tu a pedir que não enervassem o sapo! Que era só um sapo,não um jacaré!
Eu a rir como uma desalmada e tu indignada perguntavas;como vão estas g.... ensinar o respeito e o amor pela natureza aos meninos?!
Eu sei como és uma pessoa especial e a sorte que têm os meninos!
Bem hajas por isso AMIGA!
Júlia
Curiosamente, ou não,foi também a minha reacção ao ler este texto...o sorriso...de quem se sente transportado a outro mundo, tão distante, aqui ao nosso lado... obrigada pela "viagem"
Sem duvida que a sua escrita e a dedicação que demonstra pelos seus meninos em cada texto que escreve, é de se louvar, e como dizem as leitoras anteriores, as reações que provoca quando por aqui passamos são de alegria por viajarmos a um mundo encantado que está mesmo aqui ao nosso lado. Parabéns Professora Teresa por gostar tanto dos meninos fico orgulhosa por saber que a Matilde está em tão preciosas mãos beijinhos grandes
Estranho será o dia em que chegues à escola sem nada. A começar pelas tuas deliciosas peripécias que facilmente se tornam em histórias, passando pelos bichinhos e bicharocos que tanto respeitas, não esquecendo é claro a alegria com que chegas todas as manhãs, essa também tão valiosa e tão contagiante.
Os meninos têm realmente muita sorte, mas eu felizmente também tenho e espero continuar a ter, afinal não é todos os dias que vemos alguém a esquecer-se que tem um tabuleiro na mão...
bjs para ti
A afinidade que o meu filho tem pela natureza e o amor e respeito que sente pelos animais, não tenho dúvidas que tem sido muito estimulado e desenvolvido por si.
Adorei ter ido aí, contar uma história a esses lindos meninos e meninas, tão simpáticos, tão educados, tão interessados e tão interessantes!
Foi um momento muito agradável para mim!
Você com toda a sua energia e dedicação transmite-lhes o gosto pelas mais diversificadas áreas e estas crianças deixam de ficar confinadas à sala de aula e são transportadas para os mais longínquos locais...são crianças que viajam consigo todos os dias...são crianças tão cativantes!!!
A nossa sociedade necessita de jovens e adultos assim...
Fico muito feliz por o meu filho ser seu aluno.
Ele é um rapaz cheio de sorte!!!
Um grande beijinho
Joana Cruz
ola Professora Teresa !!!
dei comigo a rir com este texto sobre os caracois ,esqueceu-se de dizer que eles quando aparecem, gostam de comer comer as plantas tao tenrinhas do jardim ... são uns gulosos ,mas o melhor é que com este texto vou olhar os caracois de outra maneira a partir de hoje ... obrigada Prof.
beijinho e um bom Domingo .
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