Esta é uma história
menos feliz.
Os meninos sabem que as
histórias por vezes não acabam bem. Quer dizer, tão bem como desejaríamos. E na
história que agora vou contar nem a varinha da fada Florência conseguiu reunir
a magia suficiente para que no final da história pudéssemos dizer; “ E foram
felizes para sempre!”
Estavam os meninos do
quarto ano no recreio da tarde e eu no fim da atividade letiva preparava-me
para sair. Quando o Pedro e o Rafael me entram aos gritos na sala.
- Professora! Tem de
vir imediatamente ao recreio! Está um pássaro bebé no chão! Deve ter caído do
ninho. Por favor, venha ajudá-lo! Dizia o Rafael empurrando-me à sua frente!
Quando cheguei ao
recreio a Carolina já estava com o passarinho na mão.
- Coitadinho está a
abrir a boca! Temos de dar-lhe água e “minhocas”. Dizia.
Os pequenos gritavam
todos ao mesmo tempo e até já tinham tirado o ninho do arbusto, ninho onde se encontravam
mais duas pequenas criaturinhas que abriam igualmente o bico.
Já com todos
sossegados, disse-lhes que não deviam ter tirado o ninho do lugar. Tal como as
pessoas, os pássaros não gostam que lhes devassem a casa! E quanto a alimentar
os pequenos pássaros isso era tarefa dos Pais.
Coloquei o ninho no
lugar sabendo de antemão o que iria passar-se…
Hoje pela manhã contei
o que se tinha passado aos meus meninos. Antes de irmos ver o que se passava preparei-os
para o pior.
Tal como previ no ninho
estava um passarinho sem vida. Mas se eram três?
Logo a Margarida
sugeriu que a mãe deve ter levado os dois para outro ninho e aquele como caiu
estava ferido, morreu!
Os meninos estavam
tristes. O Rodrigo tinha o ninho na mão e olhando para o pássaro disse:
- Ele não estava
vestido e morreu de frio! O ninho não tem tampa!
- Os ninhos não têm
tampa! Agora era o Pedro que falava. Morreu à fome e ao frio! Agora temos de
fazer o funeral!
E antes que eu tivesse
tido tempo de dizer fosse o que fosse, fizeram debaixo do arbusto uma cama de
folhas onde colocaram o pássaro que taparam com outras folhas!
A Rita e a Raquel
procuraram flores que depositaram em cima das folhas.
O ninho estava vazio e
os pequenos admiravam a forma como estava feito.
Levamo-lo para a sala.
Agora que mais nenhum pássaro iria morar nele.
A Raquel colocou-o em
cima da mesa e disse que ia desenhá-lo. Alguns dos colegas resolveram imitá-la
e começaram a sair do papel pássaros coloridos vindos igualmente de ninhos
cheios de cor. Que voavam cada vez mais alto, tão alto como só os pássaros
sabem!
E assim termina a história dos “PÁSSAROS
QUE NUNCA SAIRAM DO NINHO MAS QUE VOARAM MUITO E PARA MUITO LONGE!”
4 comentários:
Parabéns pela disponibilidade de "apanhar" as histórias que caem dos ninhos e deixar que as crianças as transformem à medida dos seus desejos, depois de saberem que nem todas as história acabem bem.
L.B.
Amiga,
Ao ler-te fiquei cheia de vontade de correr para o teu Jardim!
Não que não conheça as tuas aventuras e encantos, mas porque também eu queria participar nelas. Quando te leio estou sempre a lembrar de coisas que aconteceram quando trabalhamos juntas…
Uma vez conseguiste convencer os meninos que moravam fadas debaixo das hortências do jardim… mas o melhor é que todos os adultos da escola as procuravam e juravam como os meninos tê-las visto!
E o bolo de chocolate imaginário, lembraste?! Nunca comi nenhum tão saboroso.
E se é verdade que todos sabemos que nem todas as histórias acabam bem. Contigo elas acabam sempre menos mal!
Beijos para ti e para os meninos!
Acho que é importante que os meninos tenham a percepção que nem sempre tudo acaba bem...
A vida é feita de finais felizes, mas tb alguns menos felizes...
O importante é viver...e trepar às árvores quando possível!
Bjs
Joana Cruz
...Eu vi o ninho....
...tive sorte....
...ainda o coloquei em cima da casinha do futuro....
...EU com saudades desse trabalho de "ENVOLVER E REVOLVER" com colega "DIFERENTE"
EU
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