quinta-feira, 3 de maio de 2012

ÁRVORE COM GATO PENDURADO


                                   Inês- 6 anos
    
Acordou bem cedinho! Acordar era uma maneira de dizer! Pois se nem sequer pregara olho!

Estava tão entusiasmada para conhecer a nova escola, aquela que seria a sua nova casinha até que tivesse um dia de rumar a outra. Que os professores são assim como uma espécie de caracóis, volta que volta aí andam com a casa às costas!

Como seria a escola?

Imaginava-a, cheia de meninos sorridentes, curiosos como só os meninos sabem ser.

Não, não tinha pensado no edifício. Afinal a escola são meninos e tudo o resto pormenores!

Ela já tinha estado numas quantas escolas e em todas elas tinha vivido histórias maravilhosas. 

Lembrava o dia em que estava no recreio com os meninos e numa das árvores ouviram miar!

Era o gato da Dona Lurdinhas, a empregada da escola.

Talvez perseguindo um pássaro ou sonhando-se ser um, o pobre gato estava agora pendurado num dos ramos do plátano que vivia no recreio da escola. O medo impedia-o de descer e era acompanhado de um miar desesperado!
Ao ver o pobre animal em tal desespero quase sem pensar descalçou os sapatos e as meias e começou a trepar pelo Plátano para resgatar o pobre do bichinho! 

Ao olhar boquiaberto dos meninos seguiu-se um silêncio absoluto. Ela continuava a trepar agarradinha aos ramos, abraçando os ramos como lhe ensinara o Avô António.

Que as árvores são como as pessoas gostam de abraços e ternuras…

Se as tratarmos bem concedem-nos o privilégio de igualar os pássaros, ficar bem pertinho do azul, soletrar a língua do vento. E que de outro lugar se podem colher melhor os frutos e horizontes?

O pobre do Pachá, assim se chamava o gato, é que não estava mesmo a disfrutar da vista e se alguma vez quis ser ave estava arrependido! Tanto, que quando o agarrou, o animal tremia de tal forma que não fora o riscado do pelo e tê-lo-ia confundido com uma folha que o vento resolveu aborrecer!

Por ela teria ficado mais tempo no cimo do Plátano, mas o Pachá pedia-lhe que o tirasse dali bem depressinha! 

Ainda mal tinha posto os pés no chão e já este corria para aos braços da dona miando e ronronando, num misto de desculpas e mimo.

Dona Lurdinhas chorava e agradecia. Os meninos batiam palmas e olhavam-na cheios de admiração!

Durante o resto do dia não falaram noutra coisa. E na hora da saída ouvia-os segredar aos Pais:

- A minha Professora sobe às árvores!

Pensou como seria bom se a nova escola tivesse um recreio com árvores!

Ela e os meninos poderiam descobrir quase tudo sobre árvores, pássaros, vento…
E quem sabe, Gatos!

                           

1 comentário:

Anónimo disse...

Cara Colega:

Uma questão existencial:

É a Educadora-Professora que sobe às árvores, ou...a àrvore que floresceu na Educadora-Professora?!
Para mim, pelo que escreve a soma das parcelas é indiferente do resultado. Magia!