Inês- 6 anos
Acordou bem cedinho!
Acordar era uma maneira de dizer! Pois se nem sequer pregara olho!
Estava tão entusiasmada
para conhecer a nova escola, aquela que seria a sua nova casinha até que
tivesse um dia de rumar a outra. Que os professores são assim como uma espécie
de caracóis, volta que volta aí andam com a casa às costas!
Como seria a escola?
Imaginava-a, cheia de
meninos sorridentes, curiosos como só os meninos sabem ser.
Não, não tinha pensado
no edifício. Afinal a escola são meninos e tudo o resto pormenores!
Ela já tinha estado
numas quantas escolas e em todas elas tinha vivido histórias maravilhosas.
Lembrava o dia em que
estava no recreio com os meninos e numa das árvores ouviram miar!
Era o gato da Dona
Lurdinhas, a empregada da escola.
Talvez perseguindo um pássaro ou sonhando-se ser um, o pobre gato estava agora pendurado num dos ramos do plátano que vivia no recreio da escola. O medo impedia-o de descer e era acompanhado de um miar desesperado!
Talvez perseguindo um pássaro ou sonhando-se ser um, o pobre gato estava agora pendurado num dos ramos do plátano que vivia no recreio da escola. O medo impedia-o de descer e era acompanhado de um miar desesperado!
Ao ver o pobre animal em
tal desespero quase sem pensar descalçou os sapatos e as meias e começou a
trepar pelo Plátano para resgatar o pobre do bichinho!
Ao olhar boquiaberto
dos meninos seguiu-se um silêncio absoluto. Ela continuava a trepar agarradinha
aos ramos, abraçando os ramos como lhe ensinara o Avô António.
Que as árvores são como
as pessoas gostam de abraços e ternuras…
Se as tratarmos bem
concedem-nos o privilégio de igualar os pássaros, ficar bem pertinho do azul,
soletrar a língua do vento. E que de outro lugar se podem colher melhor os
frutos e horizontes?
O pobre do Pachá, assim
se chamava o gato, é que não estava mesmo a disfrutar da vista e se alguma vez
quis ser ave estava arrependido! Tanto, que quando o agarrou, o animal tremia
de tal forma que não fora o riscado do pelo e tê-lo-ia confundido com uma folha
que o vento resolveu aborrecer!
Por ela teria ficado
mais tempo no cimo do Plátano, mas o Pachá pedia-lhe que o tirasse dali bem
depressinha!
Ainda mal tinha posto
os pés no chão e já este corria para aos braços da dona miando e ronronando,
num misto de desculpas e mimo.
Dona Lurdinhas chorava
e agradecia. Os meninos batiam palmas e olhavam-na cheios de admiração!
Durante o resto do dia
não falaram noutra coisa. E na hora da saída ouvia-os segredar aos Pais:
- A minha Professora
sobe às árvores!
Pensou como seria bom
se a nova escola tivesse um recreio com árvores!
Ela e os meninos
poderiam descobrir quase tudo sobre árvores, pássaros, vento…
E quem sabe, Gatos!
1 comentário:
Cara Colega:
Uma questão existencial:
É a Educadora-Professora que sobe às árvores, ou...a àrvore que floresceu na Educadora-Professora?!
Para mim, pelo que escreve a soma das parcelas é indiferente do resultado. Magia!
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