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Hoje eu quereria ler uns livros que não falam de gente, mas só de bichos, de plantas, de pedras: um livro que me levasse por essas solidões da Natureza, sem vozes humanas, sem discursos, boatos, mentiras, calúnias, falsidades, elogios, celebrações...
Hoje eu quereria apenas ver uma flor abrir-se, desmanchar-se, viver sua existência autêntica, integral, do nascimento à morte, muito breve, sem borboletas nem abelhas de permeio. Uma existência total, no seu mistério (e antes da flor? -- não sei) (e depois da flor? -- não sei). Esta ignorância humana. Este silêncio do universo. A sabedoria.
Hoje eu quereria estar entre as nuvens, na velocidade das nuvens, na sua fragilidade, na sua docilidade de ser e deixar de ser. Livremente.
Cecília Meireles in Janela Mágica
1 comentário:
Cara colega:
Que texto extraordinário! É de admirar? Não! É de uma mulher e escritora extraordinária! Cecília Meireles.
a categoria deste blogue, a sua sensibilidade e o seu bom gosto são imagem de marca da colega Teresa e isso, deve incomodar a mediocridade de alguém(relativo à cobardia insultuosa de alguém).
Continue, e deixe-me que lhe diga, o texto que escreveu sobre Matemática, Joaninhas, Escaravelhos e Chocolates é de uma beleza e força formidáveis. Olhe, deveria ser lido em qualquer escola superior de educação a futuras educadoras.
Dá gosto vir aqui. Aprende-se sempre alguma coisa.
Parabéns cara Colega!
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