Sabia de cor as horas
em que o silêncio ocupava a praia. Conhecia-lhe os lugares, as formas e as
cores.
Preferia as primeiras
horas da manhã para chegar mais perto dos silêncios da praia…
Hoje o azul era a cor
do silêncio.
Pensando melhor…
Ao azul vinha
juntar-se o verde, o castanho, o vermelho de todas as algas. O branco rendado
das ondas, as cores da brisa que solfeja o mar, as pedrinhas e conchas
multicolores que a maré vai polindo e o cinza das rochas nevadas de gaivotas.
Gaivotas…
A esta hora eram aos milhares
na praia. Sem querer, lembrou o que Ana lhe contara acerca destas. Ana tinha
uma teoria maravilhosa sobre as gaivotas. Segundo ela, ao crepúsculo todas
mergulhavam no mar transformando-se em pássaros de água transparente que só os
olhos dos peixes conseguem ver. Já pela manhã emergiam das águas para povoar os
céus e os sonhos de quem sabe o que fazer com o infinito. Ela acreditava
piamente na teoria de Ana. Principalmente quando desaprendia de voar!
Na sua praia não havia
silêncios difíceis de descobrir. Tudo era líquido, risonho, fácil de alcançar e
AZUL!
Sem comentários:
Enviar um comentário