quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O RIO ONDE NASCI





A Mãe contara-lhe que nascera com um pezinho no rio…

Veio mais cedo do que o esperado por todos. Numa manhã de outono cedo, muito cedinho.

Logo ela que detestava madrugar! A não ser, claro, por uma boa causa!
Ver nascer o sol, por exemplo! Ora aí está o que considerava uma boa causa!

Talvez por isso tivesse decidido nascer cedo, provavelmente tinha querido ver o sol nascer. E a Mãe também lhe contara, que o amanhecer desse dia tinha acontecido o mais maravilhoso que recorda…

Um sol radioso ia invadindo a casa e o quarto onde começaria a sua história.

Lá fora a manhã acordava o rio e ela acordava a casa!

Quando chegou ao quarto para observar a Mãe, o Avô fez saber que esta já não teria tempo de chegar ao hospital e entre a aflição da Avó e de Ana e o telefonema para Dona Sofia, a enfermeira parteira que sempre assistia o Avô, ela resolvera fazer o que lhe competia, simplesmente nascer!

Nascer, paredes meias com o rio que a veria saltitar-lhe as margens, ouvir-lhe as rãs e os saltos dos peixes nas noites em que o verão vinha lavar estrelas nas suas águas.

O rio que a levaria nos seus longes do alto da varanda…

O rio de trabalho que se habituara a ver e onde hoje se encostam cansados os barcos que já não sabem sonhar!

1 comentário:

joanacruz disse...

Ainda bem que nasceu!
E que Deus a conserve durante muitos e longos anos...sempre a escrever:)

Muitos beijinhos