terça-feira, 19 de junho de 2012

INICIAÇÃO À LEITURA E POESIA




Aconchegada num dos ramos da sua árvore preferida, pensou que aprender a ler talvez tivesse sido a sua maior conquista!

Que quando sabemos ler somos maiores e mais importantes.

E ela aprendera a ler muito antes de ir para a escola. Não, não era sobredotada! Nada disso. Provavelmente era mais curiosa que os demais. Queria saber todos os, porque sim, os porque não, os porque assim-assim, e os porque nunca nem sim nem não! E os Avós, o Pai e a Mãe, a sua Ana, tinham sempre muito tempo e paciência para os seus porque tudo!

Quando chegou à escola ela conheceu Dona Laura, a professora mais maravilhosa que alguém pode ter. Mas já tinha aprendido a ler no vento, no verde das árvores, nos passinhos das formigas que costumava observar tronco acima tronco abaixo, no murmurar das águas do rio, nas piruetas dos peixes ensaiadas ao fim da tarde quando o seu rio, o Douro, ficava da cor da prata. Sabia ler a doçura e a raiva da chuva, as cores do céu e do mar e jurou um dia fazer um colar com pérolas de granizo!

Tinha aprendido a partir as palavras, a cheirá-las, a mastigá-las e a engoli-las bem devagar tomando-lhes o sabor e a textura… Que antes de aprender a ler temos de saber que, há palavras perfumadas, coloridas, palavras que picam, palavras livres, palavras que nos cobrem como mantos de ternura. Isto tudo aprendera ela a ler sem saber ler. Nas histórias e palavras que ouvia em seu redor aprendera a ler sem ter ido à escola!

Dona Laura ensinara-lhe a juntar as letras, as letras que formam as palavras que tão bem sabia ler! E ensinara-lhe a ler melhor nas entrelinhas, a inventar outras palavras e a viajar de sonho!
Por isso decidiu que todos os seus meninos aprenderiam a ler assim! Talvez agora os adultos que a acham uma pessoa esquisita, percebam porque observam os seus meninos os bichinhos da relva, porque tentam adivinhar perfumes no ar, porque cantam e partem palavras!

Para aprender a ler é fundamental gostar das palavras. Gostar e detestar para argumentar, criar e sonhar! E claro, descobrir qual a nossa palavra preferida!

E a sua palavra preferida ouvira a Ana. Ana sempre usava palavras enroladinhas em mantinhas de ternura, mas a palavra mais mágica que até hoje ouvira repetia-se todas as noites, quando depois de aconchegar-lhe a roupa ao deitar ouvia da boca desta:

- Durma bem MEU ACALANTO!

É certo que não sabia bem o que queria a palavra dizer, mas percebia que a palavra estava embrulhada numa das mantinhas de ternura que só Ana sabia tecer.

4 comentários:

xn disse...

Como sempre:LINDO!
Sim,tens razão, as palavras são realmente muito importantes, é tão bom sabermos dizê-las e ouvi-las com sabor.
Detesto palavras amargas!
Quando escreveres um livro comprarei de imediato, pois tenho a certeza que as palavras estarão embrulhadas num mantinho de ternura.

Júlia disse...

Vou ficar aqui deliciosamente embrulhada nas tuas palavras! Cada dia gosto mais de te ler. E vou repetir se cessar, que sorte têm os meninos que partilham contigo desta doçura. Olha que a Margarida está sempre a dizer da pena que teve em nunca ser tua aluna!Sabes da admiração que tenho por ti.Trabalhei contigo e sei que o teu Blogue respira verdade e verticalidade. Orgulho-me de ser tua amiga e como alguns dos que aqui veem, também gostava de ter um dia um livro teu!
Beijos.

Teresa disse...

Júlia minha querida amiga,
confesso que me deixas embaraçada e emocionada!Também eu tenho muito orgulho em ser tua amiga!Mas isso não impede que te ache muito exagerada.Tu bem sabes que eu não sou o meu blogue!Se os meus amigos dizem que não sou má rapariga, fico contente e agradeço os mimos!
Agradeço também o facto de gostarem de ler-me e quanto ao livro...Pode ser que aconteça!Mas de momento tenho umas avaliações e uns quantos relatórios que têm mesmo de ser publicados!E tenho ainda de rubricar o livro de ponto por mais uns quantos dias!
Beijinhos.

Anónimo disse...

.... eu não queria ficar velhinha de tanto esperar para ser a primeira da fila para o autografo.... # $ & % **** ## &&##

EU