Olhou a boneca que acabara de desenhar na areia e sorriu, ela nunca gostara de brincar com bonecas e sempre que descia à praia não parava de desenhá-las. Para falar verdade as bonecas que costumavam oferecer-lhe eram tão sem alma, desprovidas de expressão, ela nunca teve nenhuma a quem conseguisse adivinhar um coração.
Teve várias bonitinhas, muito bem vestidas, (seja lá o que isso for), algumas até vindas de Paris, mas todas de olhar vazio e a nenhuma conseguia adivinhar um coraçãozito por dentro do peito.
A sua boneca teria de ter um sorriso rasgado e luminoso, olhos de mar sem fim, dos seus cabelos de algas teriam de sair estrelas muito azuis e ao vestido bordado a conchas e pedrinhas multicolores o mar viria juntar um casaco de espuma. O seu coração tinha de ter doçura e grandeza quanto baste para amar o longe e a miragem ser excessivamente encantado e apaixonado ter vontade de guardar o mundo dentro…
Ali na areia estava a boneca dos seus sonhos, aquela que nunca ninguém lhe oferecera e que o mar não tardaria em levar.
3 comentários:
Sempre gostei de brincar com bonecas e tive várias. Porém, a que mais adorava era uma "Nancy", que o meu pai trouxe de espanha. Era grande! Hoje, para minha desilusão são magríssimas e parecidas com as Barbyes.
Um desabafo!!!
Como sempre, uma, linda, história sua!
Obrigada, por ter visitado o blogue do meu filho. Deixou-lhe uma linda mensagem. O meu filho ficou encantado. Eu, também! Adoro ler! Leio qualquer coisa, leio tudo. Sou estranha, ... sou mesmo!Por vezes leio algo que gosto menos. Todavia, leio até o fim. Estranho? Pois, ... é que fico sempre à espera que com o desenrolar da história tudo melhore. Até, adorei o Memorial do Convento. Não consigo compreender porque há jovens, que hoje em dia, não gostam de o ler.
Ana,
Obrigada pelas suas gentis palavras!
Confesso que as bonecas nunca exerceram sobre mim grande fascínio!
Já os livros…
Posso até contar-lhe que um dia troquei uma boneca por um livro de, Oscar Wilde!
Bom, mas essa história contá-la-ei um outro dia.
Deixe-me dizer-lhe o quanto admiro as pessoas estranhas, sobretudo as que gostam de ler!
Ah! E não calcula como é bom cruzarmo-nos com gente estranha como nós!
Bem-haja!
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