VII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos ___
O verbo tem que pegar delírio.
Manoel de Barros
In “O Livro das Ignorãças”
3 comentários:
Sem palavras para descrever o sentimento que "aparece" no meu coração quando leio as tuas mensagens,continuas a "dizer" no momento certo e na hora certa.
lindo!!!!!!!!bx
Ups! e o que não se vê?????????è bonito ou feio??????????Diz-me EDUCADORA.!!??
Só grandes artistas conseguem fazer delirar o "verbo"!
Os outros, os medíocres conseguem a impostura do verbo, do olhar, dos sentidos, enfim.
Lindissimo este texto! Não conhecia este poeta, mas vou passar a conhecer!
Obrigado, cara colega.
Caro(a)colega,
Que bom que tenha deixado contagiar-se pela incomparável e original poesia de Manoel de Barros.
Em português, mas nada fácil de encontrar em Portugal.Com muita pena minha, só possuo dois livros do poeta,O Livro Das Ignorãças, e a Gramática Expositiva do Chão.Sei que o ano passado ganhou o prémio Sophia De Mello Breyner Andresen, para a melhor Antologia Poética,sobre a obra,Compêndio Para Uso dos Pássaros. Antologia publicada pela Quasi, mas que não consegue encontrar-se em Portugal.
Quanto aos impostores do verbo,confesso não ter tempo para eles.
Tanto mais, que felizmente em português,há vários poetas a conseguir o delírio do verbo!
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